25/08/2025 às 12:44
Congresso Nacional ‧ Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS acentuou a crise política entre o Planalto e o Congresso Nacional, evidenciando um quadro de desconfiança e tensionamento. A derrota do governo na definição da presidência e relatoria do colegiado, somada ao aperto na liberação de emendas, criou um cenário de instabilidade que pode ter repercussões diretas na governabilidade.
Segundo dados do Siga Brasil, o governo federal autorizou R$ 50,38 bilhões em emendas para 2025, mas pagou até agora apenas R$ 6,29 bilhões, volume 13% menor do que o esperado pelos parlamentares. Considerando restos a pagar de anos anteriores, o montante liberado atinge R$ 15,4 bilhões — ainda assim insuficiente para atender às pressões políticas que se acumulam no Congresso.
A derrota na CPMI gerou uma resposta imediata. Na quarta-feira (20/8), dia da instalação, foram pagos apenas R$ 32 milhões em emendas. Na quinta (21/8), mesmo após a reviravolta política, o desembolso subiu para R$ 68 milhões, valor que mantém a média, mas foi insuficiente para acalmar os ânimos. O total liberado nesses dois dias chegou a R$ 100,6 milhões, dos quais R$ 22,2 milhões destinados a integrantes da própria CPMI.
O gesto do Planalto foi interpretado como sinal de fragilidade. O “arrocho” na torneira de recursos desagrada parlamentares, em especial os da base aliada, que dependem das emendas para atender demandas locais e fortalecer suas bases eleitorais. O atraso nas liberações amplia a insatisfação e alimenta o discurso da oposição de que o governo perdeu capacidade de articulação.
No Congresso, cresce a percepção de que a CPMI pode se transformar em palanque político para desgastar o Executivo, em um momento em que o governo precisa de estabilidade para aprovar pautas econômicas e manter a base coesa. O cenário, portanto, é de impasse: de um lado, o Planalto tenta demonstrar firmeza; de outro, parlamentares pressionam por mais recursos, aumentando o custo da governabilidade.
A crise abre espaço para dois cenários: ou o governo recompõe a relação com o Congresso, retomando o fluxo de emendas, ou a tensão se prolongará, travando votações e acentuando o clima de paralisia política. Em qualquer hipótese, a CPMI do INSS já se tornou símbolo da disputa de forças entre Executivo e Legislativo.
Por Pereira Júnior
Para ler no celular, basta apontar a câmera