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depoimento

Ex-diretor da Abin afirma ao STF que alertou governo sobre risco de violência em 8 de janeiro

Segundo Cunha, a Abin monitorava grupos ‘extremistas’ desde o final de 2022 e compartilhou relatórios de inteligência com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI)

Da Redação Repórter PB

27/05/2025 às 17:11

Imagem Saulo Moura da Cunha

Saulo Moura da Cunha ‧ Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

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Em depoimento prestado nesta terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor-geral adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, afirmou que alertou diversos órgãos do governo federal sobre riscos de ações violentas em Brasília ainda na véspera dos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Segundo Cunha, a Abin monitorava grupos ‘extremistas’ desde o final de 2022 e compartilhou relatórios de inteligência com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Polícia Federal (PF) e integrantes do governo de transição. “Havia discursos extremistas e antidemocráticos. Fizemos relatórios de inteligência e eles foram encaminhados ao governo de transição e ao GSI à época”, relatou.


O ex-diretor contou que o primeiro alerta foi enviado em 2 de janeiro para o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), que reúne integrantes de áreas estratégicas como o GSI, Forças Armadas, Ministério da Justiça e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo ele, os alertas iniciais apontavam baixa adesão, mas a partir de 5 de janeiro surgiram convocações para ocupação de prédios públicos.

No dia 6, a Abin detectou aumento no número de ônibus a caminho da capital federal e repassou um alerta sobre manifestantes armados com “intenção manifesta” de invadir o Congresso Nacional. Já no dia 7, um grupo ampliado com mais de 15 órgãos foi acionado para receber atualizações. Um novo alerta foi distribuído na manhã do dia 8, informando que uma assembleia no acampamento do QG do Exército havia decidido, por volta das 8h50, marchar até a Esplanada às 13h. A estimativa naquele momento já era de mais de 5 mil manifestantes na cidade.

Apesar dos alertas, Cunha afirmou que não havia comunicação direta com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, então comandada por Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. O ex-diretor afirmou que procurou contato com Marília Alencar, subsecretária de inteligência da secretaria e também ré no inquérito, para compartilhar a preocupação com o crescimento das caravanas.

Cunha disse ainda que a Abin, por definição legal, não tem competência para acionar diretamente órgãos de segurança pública do DF, atribuindo essa responsabilidade ao Ministério da Justiça.
Na mesma ação, testemunhas convocadas pela defesa de Anderson Torres negaram que o então ministro tenha usado a Polícia Federal (PF) ou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o voto de eleitores de Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Djairlon Henrique Moura, então diretor de operações do Ministério da Justiça, disse que não houve “nenhum tipo de direcionamento”. Segundo ele, entre 21 e 27 de outubro foram realizadas operações contra transporte irregular de eleitores e suspeitas de compra de votos. No dia anterior ao segundo turno, o STF proibiu ações que envolvessem transporte de eleitores, e as fiscalizações passaram a focar documentação e segurança dos veículos.

Já o delegado Caio Rodrigo Pelim, ex-diretor de combate ao crime organizado da PF, afirmou que a orientação de Torres era de garantir policiamento ostensivo e presença em todo o território nacional, dentro do planejamento de combate a crimes eleitorais.

Fonte: Hora Brasilia

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