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Estudo analisa repercussões da violência em namoros de adolescentes

Rádio Agência

03/11/2025 às 17:42

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Para entender como a violência observada durante a infância repercute nos relacionamentos na adolescência, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) realizou um estudo com 539 alunos do segundo ano do ensino médio. 

A pesquisa, publicada na revista Cadernos de Saúde Pública, foi feita em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola de Saúde de Harvard. Foram avaliados estudantes de escolas do ensino público e privado na cidade do Rio de Janeiro, com idades entre 15 e 19 anos, que tiveram um relacionamento nos últimos 12 meses. 

O estudo abrangeu os bairros do Andaraí, Grajaú, Vila Isabel e Maracanã; regiões que, segundo a pesquisa, apresentam um padrão de desigualdade socioeconômica, mesmo tendo alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Os pesquisadores analisaram diferentes formas de violência no namoro entre adolescentes, como a violência física, emocional, sexual e relacional, além de comportamentos ameaçadores. 

O trabalho identificou que cerca de 95% dos jovens haviam sofrido ou praticado violência emocional, o tipo mais incidente. Outros 30% haviam sofrido violências físicas, e 16% dos adolescentes relataram ser vítimas de violência sexual, considerando-se não necessariamente o estupro, mas qualquer ato sexual ou toque sem consentimento. 

A pesquisadora do Instituto de Medicina Social da UERJ, Claudia Moraes, avalia os resultados do estudo.

“Com exceção do abuso sexual, onde as meninas são muito mais acometidas do que os meninos, a violência física e emocional é, na maioria das vezes, recíproca. Tanto meninos, quanto meninas, praticam. Isso faz parte do relacionamento. É como se o namoro, necessariamente, envolvesse, inclusive, atos de violência. Seja o controle do companheiro, a violência física ou emocional, ou mesmo a sexual”.  

 

Relacionamentos refletem passado conturbado

Segundo a pesquisa, este é o reflexo do passado conturbado, pois a maioria dos entrevistados relatou ter sofrido algum tipo de abuso ou negligência na infância. Cerca de 40% tinham amigos envolvidos em violência juvenil, e 80% relataram ter consumido álcool nos três meses anteriores.

Cláudia Moraes ressalta que a violência independe de classe e expõe a desigualdade no país.

“Essa violência é desigual. Ela acontece principalmente em adolescentes que haviam sodo vítimas de violência durante a infância, no seu domicílio, na sua família. Entre adolescentes que moravam em áreas que eram mais violentas, em termos da violência comunitária, violência urbana. E entre aqueles que também consumiam álcool com mais frequência. Essa violência no namoro também marca as questões de desigualdade que a gente tem no nosso país”.

Entre os jovens avaliados, 40% estudavam em escolas públicas, mais de 80% pertenciam às classes econômicas B e C e cerca de 60% não viviam com ambos os pais.

*Sob supervisão de Fábio Cardoso

3:17

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