Sousa/PB -
guerra urbana

Mais de 130 mortos e um país em silêncio — o preço da ausência do Estado

A operação — que apreendeu 93 fuzis — revelou a força bélica das facções criminosas, mas também o colapso da política de segurança pública no país

Por Pereira Jr. • Articulista Polí­tico

29/10/2025 às 13:13

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Imagem Favelas no Rio do Janeiro

Favelas no Rio do Janeiro ‧ Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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O Rio de Janeiro amanheceu em choque. A Defensoria Pública do Estado confirmou na manhã desta quarta-feira (29) que o número de mortos na megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão já ultrapassa 130 pessoas — sendo 128 civis e quatro policiais.

A chamada Operação Contenção, realizada na terça-feira (28), envolveu 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão e conter a expansão do Comando Vermelho na Zona Norte da capital fluminense. A ação, segundo o governo do Estado, foi resultado de mais de um ano de investigação.

Mas o que era para ser uma operação de segurança pública se tornou um massacre urbano, o mais letal da história do Rio. Corpos se acumularam nas ruas e, segundo relatos de moradores, mais de 60 vítimas foram retiradas da mata pelos próprios civis. Um retrato duro e sombrio de um Estado que atua onde antes se ausentou.

O governo confirma 64 mortes e 81 prisões, entre elas a de Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão”, operador financeiro do Comando Vermelho. Porém, a Defensoria fala em 132 mortos, o que levanta sérias dúvidas sobre transparência, proporcionalidade e controle das ações policiais.

A operação — que apreendeu 93 fuzis — revelou a força bélica das facções criminosas, mas também o colapso da política de segurança pública no país. A cada ação desse porte, o Rio revive a mesma ferida: a de uma guerra sem vencedores, onde moradores de favelas continuam sendo as maiores vítimas.

É impossível tratar essa tragédia sem discutir as causas estruturais — a pobreza, o abandono social, o tráfico que se alimenta da ausência do Estado e o desequilíbrio entre força e inteligência. O desafio é enorme, mas o caminho é claro: sem políticas públicas, sem integração entre União, Estado e municípios, e sem presença real nas comunidades, o ciclo da violência nunca vai acabar.

O Rio não precisa de uma nova guerra — precisa de um novo projeto de paz.

Por Pereira Júnior

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