
18/11/2025 às 14:38
Quase 80% das pessoas envolvidas com atividades criminosas, sobretudo tráfico de drogas, são homens; 74% negros; e metade, jovens, entre 13 e 26 anos. É o que aponta o levantamento inédito "Raio-X da Vida Real", recém-divulgado pelo instituto de pesquisa Data Favela.

O estudo tem como objetivo compreender a dinâmica social por trás da estruturação de redes e circuitos criminosos, a partir do ponto de vista dos próprios envolvidos com o crime. Em quase 4 mil entrevistas, foram levantadas informações sobre perfil, renda, trajetória, saúde, profissão, sonho, família, saúde, consumo e expectativas, em 23 estados brasileiros.
Ao analisar o perfil sociodemográfico, a pesquisa indica que 80% dos entrevistados nasceram e cresceram na favela; 70% são religiosos e metade tem companheiro ou companheira; 63% dos entrevistados ganham até dois salários-mínimos; e apenas 22% concluíram o ensino médio.
A baixa escolaridade é fator determinante para a renda, afirma Marcus Vinícius Athayde, vice-presidente do Data Favela
"Mas a gente tem 7% hoje que não tem nenhum tipo de instrução, não foi para a escola. A gente tem 35% das pessoas que foram para o ensino fundamental, mas não completaram e a gente tem 22% com até o ensino fundamental completo. Então, a gente tem a grande maioria das pessoas com falta de ensino médio, apenas o ensino fundamental, ou nem isso, no seu currículo. Então, a gente percebe também a importância da escolaridade quando a gente fala dessa situação".
Quando questionados sobre o principal motivo para entrada no crime, 49% justificaram necessidade econômica ou falta de dinheiro, detalha o sociólogo e diretor técnico do Data Favela, o sociólogo Geraldo Tadeu.
"Alguns motivos que tradicionalmente são trazidos pelos debatedores sobre porque as pessoas entram no crime, como ocorrência de violência, drogas ou alcoolismo dentro de casa, situações de violência doméstica, viver na rua, querer ser admirado, portar roupas de marca. Então, por exemplo, roupa de marca, só 8% deles responderam que era por isso. Então, alguns mitos vão ser derrubados por essa pesquisa".
No entanto, como a média de renda é baixa, o sociólogo explica que um terço das pessoas acaba trabalhando com outras atividades
"Essas pessoas entram por necessidade econômica, acreditando que aquele dinheiro vai ser suficiente para dar uma vida melhor, uma independência econômica financeira e logo descobrem que não é bem assim. Isso impõe a 36% dos respondentes o exercício de uma outra atividade laboral, uma forma de renda. Ou seja, como as pessoas ganham relativamente pouco, 36% praticamente um terço delas, acaba tendo que manter outras atividades em paralelo para poder obter a renda que eles almejavam".
Ao responder se sairiam da vida associada ao crime, 58% das pessoas ouvidas disseram que, se tivessem oportunidade, sim. A pesquisa traz outros recortes e está disponível no site datafavela.com.br/. O levantamento foi realizada entre 15 de agosto e 20 de setembro deste ano.
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