01/09/2025 às 09:37
Ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro ‧ Foto: Antonio Augusto/STF
A partir desta semana, os olhos do país se voltam para o Supremo Tribunal Federal (STF). A Primeira Turma da Corte começa a analisar a Ação Penal nº 2.668, que trata da suposta tentativa de golpe para anular as eleições de 2022, colocando no banco dos réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete nomes de peso de seu círculo político e militar.
As sessões estão programadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A abertura ficará a cargo do ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, seguida pela leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação.
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá até duas horas para apresentar a sustentação da acusação. Depois, será a vez das defesas, com até uma hora para cada advogado. A expectativa é que a primeira semana seja dedicada às sustentações orais, ficando o voto do relator para a sessão de 9 de setembro.
Entre os acusados estão ex-ministros, militares de alta patente e ex-assessores diretos de Bolsonaro. As acusações vão de tentativa de golpe de Estado a formação de organização criminosa armada, passando por dano qualificado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Os nomes que integram o núcleo central são:
Jair Bolsonaro – apontado como líder da trama.
Braga Netto – ex-ministro, único réu preso, acusado de financiar atos golpistas e planejar atentado contra Alexandre de Moraes.
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça, dono da minuta do golpe encontrada em sua casa.
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa, teria apresentado decreto golpista às Forças Armadas.
Almir Garnier Santos – ex-comandante da Marinha, acusado de colocar tropas à disposição.
Augusto Heleno – ex-ministro do GSI, ligado à propagação de desinformação sobre urnas eletrônicas.
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin, acusado de atuar em disseminação de fake news eleitorais.
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens e delator do caso, apontado como peça-chave na articulação.
O julgamento tem peso histórico e pode redefinir os rumos da política brasileira. Uma eventual condenação de Bolsonaro enfraqueceria ainda mais sua influência eleitoral e poderia acelerar a reorganização da direita em torno de novas lideranças. Já uma absolvição, por outro lado, teria efeito contrário: fortaleceria seu discurso de perseguição e ampliaria a polarização política.
No campo institucional, o processo coloca em evidência o papel do STF como guardião da democracia e reafirma o debate sobre os limites da atuação das Forças Armadas no processo político. Socialmente, a repercussão tende a intensificar divisões, reacendendo manifestações de apoio e repúdio em todo o país.
Mais do que o futuro de oito réus, o julgamento testa a resiliência das instituições democráticas diante de uma das maiores crises políticas recentes. O resultado pode influenciar diretamente as estratégias eleitorais de 2026 e moldar o cenário político brasileiro nos próximos anos.
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