
05/11/2025 às 16:30
Uma tradição familiar centenária surgida no final do século XIX é acompanhada pelo Sebrae/PB atualmente, a partir do serviço de consultoria no município de Lastro, na região do sertão da Paraíba. O produto, que é conhecido como queijo bola, tem sua produção desenvolvida de forma artesanal, sem adição de conservantes e tem conquistado cada vez mais a preferência dos consumidores no mercado do estado.
A fabricação do produto é realizada pela Queijaria Dona Nenega, que tem à frente do negócio o empreendedor Renato Almeida. “O queijo era produzido antes apenas para o consumo da família e de vizinhos que moram na cidade, mas depois ganhou repercussão e se tornou um símbolo de autenticidade por sua produção artesanal. Logo o queijo ficou conhecido pela qualidade e sabor”, afirmou.
Renato Almeida revela que a origem do queijo bola do Lastro surgiu da passagem de um padre alemão, que cumpriu missão religiosa no sertão. Os processos de produção, segundo ele, eram típicos da tradição germânica e foram adaptados às condições da cultura local e ao leite produzido por vacas. “Essa cultura acabou sendo transmitida pelas famílias ao longo de décadas e se moldou à cultura sertaneja e aos costumes do povo. O queijo de bola do Lastro hoje é uma marca única no mercado e se consolida pelo seu processo artesanal”, destacou.
Por se tratar de uma produção artesanal, o queijo bola concentra a maior parte de sua comercialização no mercado da região sertaneja.
Medalha de ouro – Neste último mês de outubro, o queijo bola de Lastro conquistou a medalha de ouro no 3º Concurso de Queijos da Paraíba, competição que aconteceu como parte das atividades do 2º Salão do Queijo da Paraíba, realizado na cidade de João Pessoa. O evento foi promovido pelo Instituto Social do Queijo (Isaque), com apoio do Sebrae, Sistema Faepa e Senar e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Produtores e especialistas da cultura queijeira de todas as regiões do estado estiveram presentes acompanhando o momento.
Sobre essa conquista, o empreendedor da Queijeira Dona Nenega disse que a medalha é um marco na trajetória da empresa. “Representa o reconhecimento de um trabalho feito com dedicação, amor e respeito à tradição. É uma motivação enorme para seguir aprimorando o produto e levando o nome de Lastro e da Paraíba cada vez mais longe”, comentou Renato Almeida.
Mais do que uma premiação, o reconhecimento também contribui para o processo de certificação do queijo no mercado, processo esse que vem sendo acompanhado pelo Sebrae. “É o símbolo da força da agricultura familiar, do saber passado entre gerações e da valorização das raízes do nosso povo. O Sebrae tem sido um parceiro fundamental em todo esse caminho e o grande objetivo agora é estruturar os processos de produção para emissão da certificação, o que permitirá a distribuição comercial para outros estados do país”, concluiu.
O Sebrae acompanha o trabalho da empresa no município de Lastro através do serviço de consultoria, que inclui a oferta de capacitações, orientações técnicas e apoio e preparação para participação em feiras e concursos de queijos.
Conforme o analista técnico da instituição, Fabrício Vitorino, o trabalho executado, neste momento, consiste na melhoria do processo produtivo, considerando o propósito para que o queijo bola de Lastro seja inserido no mercado de forma segura. “Estamos fazendo análises físico-químicas e microbiológicas por meio de uma instituição especializada e depois o próximo passo será avançar na certificação do queijo no serviço de inspeção municipal”, explicou.
Reconhecimento histórico – Recentemente, a Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou uma Lei (nº 2.246/2024), que reconhece o produto queijo bola de Lastro como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Paraíba.
Conforme o próprio texto inserido no documento, o reconhecimento se justifica “Por se tratar de um produto único, ligado à cultura, à história, à economia e por seu papel de divulgação dos queijos artesanais paraibanos, o Queijo Bola do Lastro está revestido das qualidades necessárias para o seu reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Paraíba”.
Fonte: Repórter PB
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