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População de jumentos no Brasil despenca 94% em três décadas e espécie entra em alerta de extinção

Entre 2018 e 2024, foram abatidos cerca de 248 mil jumentos, sendo a Bahia o estado mais afetado

Da Redação Repórter PB

30/06/2025 às 14:44

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Jumento ‧ Foto: rede social

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O Brasil enfrenta uma grave redução na população de jumentos e pode estar próximo de assistir à extinção desses animais que, por séculos, fizeram parte da cultura e da economia rural do país. Dados do Ministério da Agricultura, da FAO e do IBGE apontam que, entre 1999 e 2025, o número de jumentos no território nacional caiu de 1,37 milhão para apenas 78 mil — uma queda de impressionantes 94% em 30 anos.

A principal responsável por esse colapso populacional é a indústria de abate para exportação de peles, com foco no mercado chinês. As peles são utilizadas na produção do ejiao, um suplemento popular feito com colágeno animal.

Entre 2018 e 2024, foram abatidos cerca de 248 mil jumentos, sendo a Bahia o estado mais afetado. Lá, funcionam os únicos três frigoríficos com autorização federal para abate de jumentos, o que tem gerado preocupação entre ambientalistas, acadêmicos e ONGs ligadas à proteção animal.

Diante do avanço da crise, foi realizado em junho deste ano o 3º Workshop Internacional “Jumentos do Brasil”, sediado em Maceió (AL), promovido pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em parceria com a ONG britânica The Donkey Sanctuary. No evento, foi lançado o relatório internacional “Stolen Donkeys, Stolen Futures” (“Jumentos Roubados, Futuros Roubados”), trazendo dados preocupantes sobre o comércio de peles e o impacto no bem-estar animal e na biodiversidade.

O cenário já mobiliza o poder público: dois projetos de lei estão em tramitação para proibir o abate de jumentos no Brasil. No âmbito federal, o PL 2.387/2022 aguarda votação no Congresso Nacional; já na Bahia, tramita o PL 24.465/2022, ainda pendente de análise no plenário da Assembleia Legislativa.

Especialistas defendem alternativas sustentáveis para o uso dos jumentos, como o emprego em pequenas propriedades agrícolas, ações de conservação em áreas naturais e até como animais de companhia e terapia assistida, especialmente em regiões do semiárido.

A continuidade do abate, segundo ambientalistas, pode levar à extinção funcional da espécie em território brasileiro, ou seja, uma população tão reduzida que já não consiga se recuperar naturalmente.

Fonte: Repórter PB

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