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ONGs Ligadas à Mídia Ninja Receberam R$ 4 Milhões do Governo Lula

A Mídia Ninja ganhou notoriedade em 2013 ao cobrir os protestos de junho daquele ano e, desde então, tem se consolidado como um canal de comunicação alternativo

Da Redação Repórter PB

04/03/2025 às 15:06

Imagem As ONGs que captaram recursos são lideradas por figuras que também fazem parte da estrutura da Mídia Ninja

As ONGs que captaram recursos são lideradas por figuras que também fazem parte da estrutura da Mídia Ninja ‧ Foto: redes sociais

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A rede de comunicação Mídia Ninja, conhecida por seu alinhamento com pautas progressistas, tem utilizado organizações não governamentais (ONGs) para captar recursos do governo federal, apesar de afirmar publicamente que não é financiada por dinheiro público. De acordo com informações obtidas pela reportagem do jornal Estadão, duas ONGs diretamente associadas ao grupo já receberam cerca de R$ 4 milhões em convênios, emendas parlamentares e incentivos culturais durante o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Mídia Ninja ganhou notoriedade em 2013 ao cobrir os protestos de junho daquele ano e, desde então, tem se consolidado como um canal de comunicação alternativo. Em 2022, o movimento declarou apoio à candidatura de Lula, participando ativamente de campanhas para “virar votos” e, após a vitória do petista, celebrou a eleição com a frase “vencemos” em suas redes sociais.

As ONGs que captaram recursos são lideradas por figuras que também fazem parte da estrutura da Mídia Ninja. A Associação Coletivo Cultural, por exemplo, recebeu R$ 3,4 milhões para projetos ligados à Fundação Nacional de Artes (Funarte) e ao Ministério da Cultura. Entre seus dirigentes estão Talles Pereira Lopes e Karla Kristina Oliveira Martins, ambos fundadores da Mídia Ninja e integrantes de colegiados da Funarte no período em que os projetos foram selecionados.

Outro braço do grupo, a Casa Ninja Amazônia, obteve R$ 599,9 mil do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), gerido pelo Ministério da Justiça. A entidade conta com uma assessora especial da ministra da Cultura em seu Conselho Gestor.
Além disso, um convênio firmado com a Associação dos Cubo Cards prevê a realização do projeto “Circuito Ninja Cerrado de Formação”, com financiamento de R$ 599 mil. O plano de trabalho inclui bolsas de R$ 300 para 150 jovens negros, quilombolas e indígenas, além de R$ 554 mil destinados a assessores, coordenadores, designers e despesas com combustível.

Documentos analisados pelo jornal Estadão mostram que a aprovação dos convênios da ONG Coletivo Cultural ocorreu após pareceres técnicos iniciais contrários. Em junho de 2023, avaliações de servidores da Funarte indicaram que a proposta da entidade não possuía “aderência à missão institucional da Funarte”, recomendando a rejeição do projeto. No entanto, após a entrada de Talles Lopes e Karla Martins nos comitês da Funarte, em dezembro do mesmo ano, a ONG obteve um parecer favorável, e o contrato foi assinado dois dias depois.

A entidade também recebeu autorização para captar R$ 985 mil pela Lei Rouanet para o projeto “Circuito Mineiro de Festivais”, mas, segundo Lopes, ainda não conseguiu arrecadar os recursos.

O cientista político Leandro Consentino, professor do Insper, destaca que essa relação entre verbas públicas e ativismo político pode gerar desequilíbrios na competição eleitoral.

“Se o recurso vai para uma ONG que tem como função enaltecer o partido do governo, começa a haver um problema do ponto de vista da isonomia política e eleitoral”, alerta Consentino.

Apesar das evidências do financiamento indireto, a Mídia Ninja continua a afirmar que não recebe recursos públicos e que sobrevive “às custas de altos investimentos privados”. Entretanto, os documentos revelam que seus fundadores estão à frente de organizações que captam recursos públicos de diversas fontes do governo federal.

O Ministério da Cultura justificou que os recursos foram repassados conforme as regras dos editais públicos e das emendas parlamentares impositivas. Já a Mídia Ninja e as ONGs envolvidas afirmam que não há interferência política na seleção dos projetos.

Fonte: hora brasília

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