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Furto de tampas de bueiros gera prejuízo a cidades pelo país

Rádio Agência

25/09/2025 às 14:23

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Nos últimos quatro anos, o furto de grelhas e tampas de bueiros vem causando prejuízos milionários a várias cidades brasileiras. A ação se configura como crime e depredação do patrimônio público.

Em Brasília, por exemplo, foram mais de 400 furtos apenas em 2022, com prejuízo superior a R$ 384 mil.

A cidade do Rio de Janeiro também registra uma grande quantidade de casos. Somente no primeiro semestre deste ano, a prefeitura contabilizou cerca de 2 mil ocorrências, o que resultou numa perda de R$ 300 mil aos cofres públicos.

De acordo com o secretário de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura do Rio de Janeiro, Diego Vaz, os criminosos agem de duas formas.

"Uma daquele indivíduo que não trabalha em grupo, que na maioria das vezes tem alguma adição, a maioria das vezes em drogas. Ele furta algum tipo de material, a tampa, o bueiro, vende no primeiro ferro-velho da esquina ou no primeiro espaço aberto de comercialização para o uso de uma substância ilícita, a maioria das vezes o crack. E tem algumas que já são atividades mais coordenadas, a gente vê uma dupla chegando de moto ou, às vezes, um carro já com caçamba para se colocar a tampa. Então, algumas atividades já são mais coordenadas, já são mais orquestradas."

Legislação

Vale lembrar que os ferros-velhos só podem funcionar regularmente na capital fluminense se estiverem de acordo com os requisitos expressos na Lei Municipal 7.216, de 2021, e no Decreto Estadual 48.555, de 2023.

O engenheiro civil e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Júlio César da Silva, considera que a legislação em torno dos ferros-velhos precisa ser mais rigorosa, e explica os riscos provenientes dos crimes.

"A gente tem alguns problemas. Primeiro problema é que tem um sistema de gradeamento que impede passagem material e, teoricamente, barra alguns materiais grosseiros que não vão entupir a galeria, porque é muito mais difícil dar manutenção na galeria do que superficialmente. Segundo [problema], acidentes: as pessoas caem nesse bueiro. Já existiram vários acidentes, das pessoas caírem em locais que você não tem a tampa, machucar e quebrar perna. Então, tem uma questão da segurança das pessoas na cidade."

O pesquisador afirma ainda que zonas periféricas sofrem mais por não receberem tanta atenção das autoridades. Ele sugere ações para reduzir os furtos.

"Eu tenho duas ações importantes. Agir na questão de aumentar a segurança nas vias, nas ruas, onde você está tendo este tipo de furto, para não ter, e agir também no controle desse material que está chegando nesse ferro-velho. A outra é a modernização desses materiais, de fazer um planejamento, um controle de quanto tempo a cidade vai precisar para trocar esse material. Isso não é uma coisa que você muda de uma hora para outra, mas tem que fazer para ontem, tem que começar."

Medidas de combate

Uma das alternativas adotadas por cidades brasileiras para reduzir os furtos é a troca do material utilizado na fabricação das tampas dos bueiros. Um dos mais utilizados é o polietileno, um tipo de plástico leve, altamente resistente e que facilita a manutenção dos bueiros.

Segundo o secretário Diego Vaz, o material não tem valor de mercado para os ferros-velhos ou centros de fundição. Ele afirma que foram feitos testes sobre a qualidade do polietileno e que o resultado foi satisfatório.

"A gente já tinha feito essa pesquisa no primeiro trimestre. A pesquisa avançou, a gente recebeu algumas amostras, colocamos em testes em vários pontos da cidade e nesses quase nove meses de teste a gente não teve nenhum número de furto. Nenhum número de bueiro ou de tampa quebrada, nenhuma intercorrência que impedisse o estudo de ter continuidade."

Com isso, a prefeitura do Rio anunciou a licitação para compra das novas grelhas e tampas. O orçamento total é de R$ 4,15 milhões. Ganha a empresa que oferecer o menor preço por item. A expectativa é que as novas instalações comecem em 2026.

Para o professor Júlio César, também é preciso investir em tecnologias que auxiliem os agentes de segurança, como câmeras especiais de vigilância.

"Nos novos bueiros, por exemplo, você poderia instalar um sistema de monitoramento, GPS, alguma coisa. Mas nos novos, nos velhos não vale a pena tirar e fazer porque o investimento vai ser muito alto em relação ao retorno que você vai ter em termos de recuperação desse material, porque o material muitas vezes vai ser desintegrado, vai ser fundido. E aí você funde aquele material rapidamente e não consegue nem ter acesso." 

Sobre a segurança na cidade, a prefeitura do Rio informou que vai aumentar os investimentos na Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia em Apoio à Segurança Pública. As medidas incluem o apoio à guarda armada e a instalação de 20 mil câmeras pela cidade. Os itens funcionarão com Inteligência Artificial para dar cobertura na vigilância e análise em tempo real de comportamentos suspeitos por meio do reconhecimento facial e cruzamento de dados com os órgãos de segurança.

* Sob supervisão de Fábio Cardoso.

 

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