19/09/2025 às 15:21
Uma década após um caso de sequestro em massa de meninas na Nigéria, com repercussão internacional, o Comitê para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas aponta que violações graves e sistemáticas contra mulheres continuam acontecendo no país africano, que já ultrapassou o Brasil em número de habitantes.
O caso lembrado aconteceu em 2014, no estado de Borno, nordeste do país, quando 276 estudantes foram raptadas pelo grupo extremista Boko Haram. 82 delas escaparam sozinhas e 103 foram libertadas em negociações. Hoje, 91 delas continuam desaparecidas ou em cativeiro.
Uma delegação do Comitê do ONU entrevistou vítimas, familiares e autoridades, que relataram falta de alimentação, espancamentos, violência sexual e até nascimentos dentro dos cativeiros. No relatório publicado neste mês, a Comissão aponta que parte das vítimas receberam apoio psicológico e bolsas de estudo.
Porém, as meninas que fugiram sem apoio oficial não puderam voltar para casa por causa do estigma. Em muitos casos, elas ficaram sem acesso à educação, cuidados médicos ou aconselhamento.
Segundo a presidente do Comitê da ONU, Nahla Haidar, esse sequestro das meninas “não foi um episódio isolado, mas parte de uma série de raptos em massa contra escolas e comunidades no norte da Nigéria”. Cerca de 1.400 estudantes foram sequestradas para resgates, casamentos forçados, tráfico ou troca de prisioneiros.
O Comitê para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas concluiu que a Nigéria falhou em prevenir os ataques a escolas, proteger meninas de sequestros e garantir o direito à educação. O relatório também denuncia a diferença das leis entre as regiões do país e a falta de esforços para combater a estigmatização, a falta de criminalização dos raptos e de leis contra a estupro dentro do casamento.
Segundo informações da Rádio Estatal Nigeriana, a Ministra de Assuntos da Mulher e Desenvolvimento Social, diz que o país mais populoso do continente africano segue uma "Agenda Esperança Renovada", de empoderamento das mulheres, a governança inclusiva e a proteção social. A ministra também elogiou programas e fundos assistenciais para mulheres no Estado de Ogum, região sudoeste, próximo da antiga capital do país, Lagos.
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