21/08/2025 às 15:51
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem até está sexta-feira (22) para prestar esclarecimentos sobre a tentativa de fuga e o descumprimento de medidas cautelares, como centenas de postagens em redes sociais.
É quando termina o prazo de 48 horas dado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). É o mesmo prazo que a Procuradoria-Geral da República tem para se manifestar.
O ex-presidente e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal por interferência no julgamento da ação sobre a tentativa de golpe de Estado. Moraes usou como base o relatório de 170 páginas da Polícia Federal.
Nele constam mensagens retiradas do celular de Jair Bolsonaro, que haviam sido apagadas, mas foram recuperadas pelos investigadores. As conversas recuperadas mostram que o deputado Eduardo Bolsonaro xinga o pai após entrevista do ex-presidente envolvendo o embate entre Eduardo e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre o tarifaço.
Ainda entre os arquivos está um documento, de 33 páginas, com pedido de asilo político ao presidente argentino, Javier Milei. O arquivo foi salvo no aparelho, em fevereiro de 2024, dias após uma operação contra envolvidos na trama golpista.
O arquivo sem assinatura e sem data teria sido criado pela esposa do senador Flávio Bolsonaro, nora do ex-presidente. Também foram recuperados diversos áudios, incluindo conversas entre o ex-presidente e pastor Silas Malafaia. Malafaia foi alvo de operação da Polícia Federal nessa quarta-feira (20). Ele teve o celular apreendido e o passaporte cancelado. Os diálogos acontecem após o anúncio das tarifas norte-americanas contra os produtos importados do Brasil.
Malafaia orienta Bolsonaro sobre como agir e o que dizer:
“Você não vai xingar o STF. Você não vai esculhambar Alexandre Moraes, mas você pode se colocar sim e deve: ‘olha, minha gente, a questão da tarifa de Donald Trump não tem a ver com a economia, tem a ver com liberdade e justiça. Eu não quero ver retaliações sobre ministros do STF e suas famílias. Eu não quero ver isso. É só resolver a questão da anistia que isso acaba’.”
O pastor criticou e xingou Eduardo Bolsonaro pela atuação dele a favor do tarifaço nos Estados Unidos:
“A carta do Trump é para você, toda a [palavrão] que o Trump deu no mundo é sobre economia. O Brasil é sobre você, cara. A faca e o queijo está [sic] na tua mão, cara. E nós não podemos perder isso, pô. Vem teu filho babaca falar merda, dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso. Dê-lhe um [palavrão], cara.”
Pelas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro amenizou a crítica de Malafaia:
“Pastor Silas Malafaia, tamo junto. O senhor está sofrendo os últimos atos desse regime. É aquela situação do desespero, onde eles já não sabem nem mais o que fazer. Tem até gente achando que o Trump vai mudar de ideia ou pensando que é igual o Brasil, que a depender do escritório de advocacia que você contrate, eles podem reverter as coisas. E nos Estados Unidos a banda toca diferente. Então, siga firme e forte. Tamo junto, pastor.”
Jair Bolsonaro nega qualquer discussão com Eduardo sobre atuação dele e diz que a anistia resolve tudo:
“Não tem discussão violenta com filho nenhum meu. A imprensa fofoca, querem dividir o tempo todo. O que mais tenho feito é conversar com pessoas mais acertadas, vamos assim dizer no tocante que se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifa. Não adianta um ou outro governador querer ir para os Estados Unidos, ir para embaixada, para não ser não sei onde quer que ele vá.”
Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro disse que ele recebeu com surpresa o indiciamento pela Polícia Federal e que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar. E ainda que os elementos apontados na decisão de Moraes serão devidamente esclarecidos dentro do prazo dado.
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