18/08/2025 às 16:49
O que faz uma dieta saudável e sustentável? Quanto se gasta diariamente com alimentação no Brasil? Esses questionamentos fazem parte de um estudo conduzido por Thaís Caldeira, doutora em saúde pública e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A nutricionista defende que uma alimentação saudável deve unir dois fatores: a ingestão de produtos de origem vegetal e a redução de consumo de carne vermelha, laticínios e ultraprocessados.
"A gente espera que haja um consumo de pelo menos cinco porções por dia, todos os dias da semana, desses alimentos (vegetais). O consumo de frutas e hortaliças aumenta o consumo de vitaminas, minerais, e fibras, que vão trazer benefícios para a saúde como um todo mesmo. Quando a gente tem, por outro lado, a redução no consumo de carnes vermelhas, consumo de alimentos ultraprocessados, que tem uma grande quantidade de açúcar, sal, gordura, tem também essa documentação de que esses alimentos vão fazer mal para a saúde quando consumidos em excesso."
Caldeira lembra que os alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes e biscoitos, aumentam o risco para doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão, como documentado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.
A pesquisadora da UFMG ressalta que a alimentação saudável também está relacionada com a sustentabilidade ambiental, na contramão do processo de industrialização de alimentos prontos para consumo e da criação de animais para o abate.
"Os ultraprocessados e as carnes vermelhas vão ter uma elevada emissão de gases de efeito estufa. Além disso, estão associados a uma elevada perda de biodiversidade, aumento também de poluição dos rios. Então é todo o ciclo de processo desse alimento, que vai passar ali pela questão da embalagem, a questão do transporte, até chegar no nosso consumo. E pro lixo também, gente vai ter diferentes tipos de impacto ao meio ambiente de acordo com o descarte desses alimentos."
De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, de 2017/2018, analisada por Thaís Caldeira, o preço médio da aquisição de alimentos para uma dieta saudável e sustentável é de R$ 12, um pouco acima da dieta atual da população brasileira, de R$ 11 por dia por pessoa, com 2 mil calorias.
A próxima edição da pesquisa, que terá um recorte dos anos 2024/2025, está em fase de coleta de dados. Thaís Caldeira fala da expectativa para os resultados, em especial do impacto do aumento do consumo dos ultraprocessados por famílias de baixa renda.
"Hoje a gente tem outros inquéritos que já nos mostram aumento no consumo, principalmente da população de baixa renda, dos alimentos ultraprocessados. A gente está observando, ao longo dos anos, principalmente pela redução dos custos que os ultraprocessados têm tido, e o aumento de preço dos alimentos in natura e minimamente processados. E a gente sabe que a população, quando ela tem ali seus recursos financeiros escassos, ela tem que optar por alimentos que são mais baratos."
Segundo o IBGE, pouco mais da metade das calorias consumidas pela população com 10 ou mais anos de idade (53%) tem origem em alimentos in natura e minimamente processados, como arroz, feijão e carne bovina. E cerca de 20% da energia adquirida é proveniente de ultraprocessados.
* Com produção de Salete Sobreira.
3:52Continuar lendo ...Para ler no celular, basta apontar a câmera