O Brasil vive o pior momento da série histórica do endividamento familiar. Em setembro, 30,5% das famílias estavam com contas em atraso e 13% afirmaram não ter como pagar — o maior índice desde 2010, segundo a CNC. O endividamento atingiu 79,2% dos lares, e quase metade dos inadimplentes (48,7%) acumula atrasos há mais de 90 dias.
O quadro é mais grave entre quem ganha até três salários mínimos, faixa em que 82% estão endividados. A combinação de juros altos, crédito caro e renda comprimida ampliou o peso das dívidas e reduziu o consumo, travando o comércio e a geração de empregos.
Para o economista Fábio Bentes, da CNC, o país vive “um quadro de crescente fragilidade financeira”, que ameaça o ritmo da economia. O cenário tende a piorar até o fim do ano, com previsão de alta adicional de 3,3 pontos no endividamento e 1,7 ponto na inadimplência.
Especialistas defendem um plano nacional de ação: mutirões de renegociação, limite aos juros do rotativo, educação financeira prática e estímulos à renda e ao emprego. Sem isso, o país corre o risco de ver a inadimplência se tornar um obstáculo duradouro à retomada econômica.
Por Pereira Júnior