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Sousa e as Eleições Municipais

Com a extinção do Estado Novo, esboçou-se um novo quadro político em todo o país, e, em Sousa, não foi diferente

Por Cláudio Gadelha • Defensoria

10/07/2020 às 14:25

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Divulgação ‧ Foto: Repórter PB

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Sousa, ao tempo do Império, nos idos de 1822 a 1889, assim como os demais municípios do Brasil, era governada por uma autoridade meramente policial, que fazia as vezes de Prefeito. Posteriormente, Sousa e os municípios brasileiros passaram a ser governados pelas Câmaras Municipais, que tinha no presidente a sua autoridade maior, fato este que perdurou até a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, portanto, em fins do século XIX.


Na Paraíba, o primeiro cargo de Prefeito foi criado pela Lei Estadual nº 27, de 2 de março de 1895, assinada pelo então Governador do Estado, que, nesta época, era chamado de Presidente da Província, o Sr. Álvaro Machado; esta lei, foi revogada em 25 de outubro de 1900, voltando os municípios a serem governados pelas Câmaras Municipais; no ano de 1904, foi restaurado o cargo de Prefeito, através da Lei nº 221, de 14 de novembro, com a volta de Álvaro Machado ao comando dos destinos da Paraíba.


Daí, os Prefeitos eram nomeados pelo Presidente da Província. Foram nomeados os Prefeitos da 1ª República ou República Velha (1889 a 1930) e da 2ª República (Revolução de 1930 - Estado Novo de 1937/1945), com exceção do período eleitoral de 21/12/1935 a 15/11/1937; eleitos, mesmos, foram os Prefeitos do período da 3ª. República ou República Nova, a partir das primeiras eleições municipais no país, em 1947, com o fim do Estado Novo e a queda do Presidente do Brasil, Getúlio Vargas, quando da 1ª redemocratização do país.

Com a extinção do Estado Novo, esboçou-se um novo quadro político em todo o país, e, em Sousa, não foi diferente. A União Democrática Nacional - UDN, partiu junta com as famílias Gadelha, Abrantes e Mariz; já o Partido Social Democrático – PSD, aglutinou as famílias Pires e Sá.


As primeiras eleições municipais após o Estado Novo, ocorreram em 12 de outubro de 1947, com a eleição de Emídio Sarmento de Sá, para Prefeito de Sousa, pelo PSD, com 2.159 votos, tendo como Vice-Prefeito, Adênio Lima, que obteve 2.208 votos; Concorreram, ainda, José Ferreira Rocha, que obteve 2.063 votos e seu Vice-Prefeito, Tozinho Gadelha, com 2.176 votos, ambos pela UDN; Eládio Pedrosa de Melo, que obtém 1.611 votos e o candidato a Vice-Prefeito Manuel Mendes Vieira Campos (de Nazarezinho, que era Distrito de Sousa), com 1.406 votos, ambos pelo PDC. Registre-se, aqui, que os candidatos a Vice-Prefeito, Adênio Lima e Tozinho Gadelha, obtiveram mais votos que o candidato eleito a Prefeito.


Novas eleições municipais ocorreram em 04 de novembro de 1951, quando foi eleito Prefeito de Sousa, Augusto Gonçalves de Abrantes, com 4.662 votos, e, como Vice-Prefeito, José Antônio Sarmento Júnior, que obteve 4.727 votos, ambos pela UDN. Pelo PL/PSD/PTB, concorreu a Prefeito, Walter Sarmento de Sá, que obteve 4.377 votos, tendo como companheiro de chapa, Francisco Ulisses de Barros, que obteve 4.248 votos.


Ao final de seu mandato, Augusto Gonçalves de Abrantes comanda a primeira dissidência na UDN (separando parte dos Abrantes das famílias Gadelha e Mariz), partindo para apoiar, nas eleições de 03 de outubro de 1955, a chapa Eládio Pedrosa de Melo, para Prefeito, que obteve 3.819 votos, e Alcindo Sá, para Vice-Prefeito, que obteve 3.944 votos, ambos pelo PSD, num confronto direto com a UDN, de onde veio, contudo, não conseguiu eleger os seus candidatos, saindo vencedora a chapa encabeçada por Felinto da Costa Gadelha, o Tozinho Gadelha, para Prefeito, com 4.555 votos, e seu companheiro, Otávio Marques da Silva Mariz, para Vice-Prefeito, que foi eleito com 4.385 votos.


Tozinho Gadelha, até hoje, tem o segundo melhor percentual de votos da história eleitoral de Sousa, com 54,39%, sendo superado somente pelo advogado João Estrela, nas eleições de 1996, quando este obteu 62,35% dos votos.


Nas eleições de 02 de agosto de 1959, o dissidente médico Augusto Gonçalves de Abrantes, já filiado ao PTB, confirma a sua dissidência e concorre a Prefeito, obtendo 3.724 votos, tendo como companheiro de chapa, Francisco Abrantes Ferreira, que obtém 2.308 votos. Também concorre Tomaz Pires dos Santos, do PSD, que obtém 2.249 votos, tendo como companheiro de chapa Alcindo Gomes de Sá, também do PSD, que obtém 3.621 votos.


O médico Augusto Gonçalves de Abrantes, mesmo conhecendo a sua segunda derrota política consecutiva, muda o panorama político sousense, inclusive tornando-se adversário de seu próprio sogro, André Avelino de Paiva Gadelha, o Zabilo Gadelha (avô do atual Prefeito de Sousa), que se elege Prefeito pela UDN, no ano de 1959, com 4.515 votos, tendo como Vice-Prefeito Francisco Gonçalves da Silva, o Nozinho Gonçalves, que obtém 4.096 votos, elegendo-se vice-prefeito e assumindo a Prefeitura de Sousa no ano de 1960, devido à saída de Zabilo Gadelha para disputar o cargo de Vice-Governador do Estado da Paraíba, na chapa encabeçada por Pedro Gondim, sendo ambos eleitos.


Ressalte-se que a dissidência de Dr. Augusto Gonçalves de Abrantes deve ser considerada um marco na história política de Sousa, cuja dissidência foi “confirmada” pela chegada de Antônio Mariz a Sousa, especialmente quando das eleições municipais de 1963, momento em que ocorreu a separação definitiva da família Gadelha com as famílias Mariz e Abrantes.


Assim, com o apoio de Augusto Gonçalves de Abrantes, Antônio Mariz (PTB), foi eleito Prefeito de Sousa, com 3.876 votos, no dia 11 de agosto de 1963 e tomou posse no dia 30 de novembro do mesmo ano, tendo como companheiro de chapa, José Vieira de Figueiredo, que obteve 3.391 votos, o qual não foi eleito. Antônio Mariz governou Sousa, tendo como Vice-Prefeito, Geraldo Sarmento, que obteve 4.145 votos, que era da chapa encabeçada por Tozinho Gadelha, que obteve 3.866 votos, ambos pela UDN, ressaltando que Geraldo Sarmento foi o mais votado de todos, inclusive superando o prefeito eleito, Antônio Mariz, por 269 votos.


As eleições de 11 de agosto de 1963, até hoje, é lembrada e comentada na cidade, por tudo o que aconteceu na época, e, especialmente pela diferença de sufrágios que elegeu Mariz: 10 (dez) votos, que, em uma recontagem, após impugnação, restou uma diferença de 7 (sete) votos. Concorreu, ainda, Dr. Laércio Pires, que obteve 3.125 votos, juntamente com seu companheiro de chapa, Zu Silva, com 2.958 votos.


Durante o seu mandato, Antônio Mariz chegou a ser cassado pelo governo militar que se instaurou no Brasil, no dia 31 de março de 1964, a chamada “Revolução de 64”, quando o Vice-Prefeito Geraldo Sarmento chegou a assumir os destinos de Sousa, por poucos dias.


No ano de 1965, ocorre uma mudança radical no país, com o Ato institucional nº 2, que extinguiu os partidos políticos da época, fazendo surgir somente duas agremiações políticas: a Aliança Renovadora Nacional, a ARENA, comandada pela ditadura militar, que, em Sousa, aglutinou as famílias Mariz, Abrantes, parte dos Pires e Sá, e o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, que abrangeu a família Gadelha.


Vieram as eleições municipais de 15 de novembro de 1968, quando é eleito Prefeito, o médico Clarence Pires de Sá, e, Vice-Prefeito, o também médico Augusto Gonçalves de Abrantes, pela ARENA 1, numa disputa com mais dois candidatos: Geraldo Sarmento (ARENA 2) e Marcondes Gadelha (MDB), que, embora Marcondes Gadelha tenha sido o mais votado dos candidatos, não se elege, em virtude da soma dos votos das legendas da ARENA 1 e ARENA 2.
Quando das eleições de 15 de novembro de 1968, ocorreram fatos políticos importantes: o médico Clarence Pires de Sá, que era filiado ao MDB, foi convidado pelo esquema político de Antônio Mariz para ser o candidato a Prefeito, o que aceitou, levando consigo emedebistas históricos como Docil Braga, Alcindo Gomes de Sá, Sinval Mendes, Raimundo Pereira de Oliveira.


O então Vice-Prefeito, Geraldo Abrantes Sarmento, que era do MDB, desliga-se do partido e parte candidato na sublegenda da ARENA 2, rachando, pois, o MDB. Esta foi a estratégia do grupo liderado por Antônio Mariz para vencer as eleições de 1968.


Resultado: Marcondes Gadelha (MDB) - 8.505 votos (maioria sobre Clarence – 398 votos); Clarence Pires (Arena 1), 8.107; Geraldo Sarmento (Arena 2), 724 votos. E, assim, Marcondes Gadelha, mesmo tendo obtido, individualmente, maior número de votos, perdeu as eleições para a soma dos votos das sublegendas da ARENA 1 e ARENA 2, que somaram 8.831, com a maioria de 326 sufrágios.


Chegam as eleições de 15 de novembro de 1972, e, assim como as eleições de 1968, ocorreram outros feitos históricos: eleições com maior número de candidatos a Prefeito da história de Sousa, num total de 6 (seis); é eleito Prefeito de Sousa, pela ARENA 1, Gilberto Sarmento, tendo como Vice-Prefeito, Johnson Abrantes (8.497 votos); pela ARENA 2, Sinval Gonçalves Ribeiro-Francisco Pereira Gadelha (Chico Malota), com 1.143 votos; ARENA 3: José Pordeus e Silva (Zú Silva) e Raimundo Nonato Filho, com 861 votos; MDB 1 - Francisco Buega Gadelha e Maximino Pinto Gadelha, com 4.812 votos; pelo MDB 2 - Antônio de Paiva Gadelha e Luis Carlos Queiroga Gadelha (Carrinho de Clota), com 2.287 votos e, finalmente, pelo MDB 3, o médico Nicodemos Cozinho Gadelha e o advogado Raimundo Doca Gadelha, que obtiveram 2.237 votos.


Nas eleições de 15 de novembro de 1976, Clarence Pires volta à Prefeitura de Sousa, pela ARENA 1, tendo, como Vice-Prefeito, Sinval Gonçalves, com 7.880 votos; pela ARENA 2, o advogado Ananias (Nias) Gadelha e Francisco Gonçalves, com 3.651 votos; pelo MDB 1, o “Médico dos Pobres”, Dr. Laércio Pires e Nicodemos Cozinho Gadelha, que obtiveram 6.781 votos; pelo MDB 2, o advogado Raimundo Doca Gadelha e Jonas Abrantes Gadelha (hoje, Promotor de Justiça), com 3.955 votos; pelo MDB 3, José Francisco de Figueiredo e Eliezer Cavalcante, que obtiveram 163 votos. Clarence Pires, pouco tempo depois, renuncia, e o Vice-Prefeito, Sinval Gonçalves, assume a Prefeitura de Sousa, cujo mandato é prorrogado por lei federal por mais dois anos.


Em 15 de novembro de 1982, Nicodemos de Paiva Gadelha, o Cozinho Gadelha, elege-se Prefeito de Sousa pelo PDS, tendo como Vice-Prefeito, Francisco de Assis Abrantes, com 7.468 votos, disputando as eleições com mais quatro candidatos, tendo o seu mandato prorrogado por dois anos: Gilberto Sarmento-Francisco Cordeiro, também pelo PDS, com 5.538 votos; João Marques Estrela e Silva e José Vieira Pinto, pelo PMDB, que obtiveram 5.987 votos; Dr. Laércio Pires e Dr. Orlando Xavier, também pelo PMDB, com 5.347 votos e Antônio Nóbrega Gadelha e Francisco Ferreira Sarmento, pelo PT, que obtiveram 384 votos.


Vêm as eleições de 15 de novembro de 1988, e, junta com elas, a Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro. João Marques Estrela e Silva elege-se Prefeito de Sousa, com 16.733 votos, em sua segunda candidatura, juntamente com seu Vice-Prefeito Ricardo Augusto Gadelha de Abrantes (filho do médico Augusto Gonçalves de Abrantes), apoiados pelo grupo político liderado por Antônio Mariz, ambos pelo PMDB, disputando com Gilberto Sarmento e seu vice, Chico de Clota, ambos pelo PFL, quando obtiveram 14.595 votos. Nestas eleições, novamente o quadro político sousense ganha novos contornos.


No dia 03 de outubro de 1992, as mudanças políticas continuam, e aparece o médico Mauro Abrantes Sobrinho, o Marizinho, que é eleito Prefeito de Sousa, tendo como Vice-Prefeito Lúcio Matos, ambos pelo PMDB, com 18.856 votos, apoiados pelo esquema político de Antônio Mariz, numa disputa com Deusdete Queiroga e Cozinho Gadelha, que obtiveram 14.091 votos, ambos pelo PRN. Concorreu, ainda, Dedé Veras, pelo PSDB, que obteve 2.096 votos.


João Estrela volta à Prefeitura de Sousa quando das eleições de 03 de outubro de 1996, tendo como Vice-Prefeito, Francisco Valdemiro Gomes, o Chiquinho do PT, vencendo o agora grupo político adversário mariz-gadelha, com 17.982 votos, encabeçado por Lúcio Matos e Mabel Mariz, que obtiveram 10.858 votos, com maioria de 7.124 votos, a maior já registrada em Sousa.


João Estrela (PDT) é reeleito em 01 de outubro de 2000 (3ª vez), com o Vice-Prefeito Thalles Gadelha, obtendo 12.040 votos, disputando com Salomão Gadelha e Leonardo Gadelha, ambos do PFL, que obtiveram 9.566 votos, contudo, no mês de abril de 2002, João Estrela tem o seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral, assumindo Salomão Benevides Gadelha, 2º colocado nas eleições. Concorreram, ainda: Lúcio Matos e Chiquinho Cartaxo, com 7.403 votos, ambos do PMDB; Dr. Péricles Pepé Rodrigues Neves e Maria Nogueira Gadelha de Oliveira, ambos do PL, que obtiveram 1.429 votos.
Salomão Gadelha (PFL), reelege-se em 03 de outubro de 2004, tendo como Vice-Prefeito, André Gadelha, obtendo 15.426 votos, governando a Cidade Sorriso até 31 de dezembro de 2008. Salomão consegue aglutinar alguns marizistas históricos em torno de seu nome. Salomão revolucionou Sousa com atitudes fortes e polêmicas, como a criação do DAESA, quando retomou da CAGEPA (Estado da Paraíba) para o Município de Sousa, os serviços de abastecimento de água e de saneamento. Foram, ainda, candidatos: Lúcio Matos e Raimundo Marques, que conseguiram 14.096 votos; Zé Célio e Ângela Rocha, com 3.679 votos;


Salomão Gadelha é sucedido por Fabio Tyrone Braga de Oliveira (PTB), nas eleições de 5 de outubro de 2008, com exatos 20 (vinte) anos da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil. Tyrone teve como Vice-Prefeita, Johanna Estrela, do PDT, que obtiveram 17.971 votos, numa disputa com André Avelino de Paiva Gadelha Neto (PMDB) e Avanir Ponce, que conseguiram 17.850 votos; concorreu, ainda, J Cândido, pelo PSOL, ao lado de Zé Vitor, obtendo 76 votos e Lúcio Matos (PPS) com o candidato a Vice-Prefeito, José Hugo, que obtiveram 67 votos.


Nas eleições de 07 de outubro de 2012, elege-se Prefeito de Sousa, André Avelino de Paiva Gadelha Neto (PMDB) com o Vice-Prefeito, o médico José Célio de Figueiredo (PSC), com 18.780 votos; André e Zé Célio rompem logo no início do governo e disputaram as eleições com o deputado estadual Lindolfo Pires (primo de André) e Johanna Estrela, pela Coligação DEM/PDT, que obtiveram 18.029 votos; foi candidato, ainda, J Cândido, pelo PSOL, e Ray, obtendo 214 votos.


E, enfim, as eleições de 02 de outubro de 2016, quando foi eleito Fabio Tyrone Braga de Oliveira (PSB), pela 2ª vez, juntamente com o Vice-Prefeito, Zenildo Rodrigues (PSD), empresário, quando obtiveram 20.059 votos (52,93%), concorrendo com André Avelino de Paiva Gadelha Neto, do PMDB (assim como em 2008) e o médico Ennio Medeiros, que obtiveram 17.836 votos (47.07%), com maioria, portanto, de 2.223 votos, cujo mandato finda em31 de dezembro de 2020.


Parabéns, Sousa, por sua emancipação política através da Lei Provincial nº 28, de 10 de julho de 1854, contando, hoje, 166 anos.



Sousa, Estado da Paraíba, 10 de julho de 2020.

Cláudio César Gadelha Rodrigues
Advogado e Jornalista

 

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