30/07/2025 às 16:30
O Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, registrou 3.013 atendimentos a pessoas com 60 anos ou mais vítimas de quedas no primeiro semestre de 2025. O número representa 32% dos 9.399 atendimentos por esse tipo de ocorrência realizados pela unidade no período, evidenciando a importância da prevenção, especialmente no ambiente doméstico.
De acordo com o diretor-geral do Hospital de Trauma, Laecio Bragante, a assistência prestada aos pacientes idosos vai além do atendimento imediato. “Nosso compromisso é cuidar das pessoas desde a porta de entrada até o pós-alta, oferecendo acolhimento, tratamento adequado e orientações essenciais para evitar novas quedas. A prevenção também faz parte do nosso cuidado”, ressaltou.
A maior incidência foi registrada na faixa etária de 60 a 69 anos, seguida pelos grupos de 70 a 79 e de 80 a 89 anos. A informação reforça o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que cerca de 30% dos idosos sofrem ao menos uma queda por ano.
O Hospital de Trauma de João Pessoa é referência em traumatologia no estado e dispõe de estrutura especializada para o atendimento a esse público. Desde 2020, a unidade conta com o Centro de Assistência Avançada em Traumatologia do Idoso (CAATI), que atua com equipe multidisciplinar capacitada e protocolos específicos que proporcionam diagnóstico rápido, tratamento eficaz e reabilitação segura.
O clínico geral do CAATI, Elinaldo Leite, explica que as quedas podem ter diversas causas, desde escorregões e tropeços até alterações cognitivas. “É fundamental considerar não apenas o trauma físico, mas também os fatores clínicos e sociais que contribuem para o acidente. Muitas vezes, pequenas adaptações no ambiente podem fazer grande diferença na prevenção”, orientou.
O aposentado Sebastião Lima, de 74 anos, é um exemplo de como o ambiente doméstico pode ser fator de risco. Ele precisou de atendimento após tropeçar em um tapete solto dentro de casa. “Achei que conseguiria me apoiar na cadeira, mas acabei caindo e machucando a bacia. Depois disso, tirei todos os tapetes da casa”, relatou.
A aposentada Maria Aparecida, de 68 anos, também precisou de atendimento após escorregar na escada. “Tive uma tontura e desci apressada para me sentar, mas perdi o equilíbrio. Agora, uso sempre corrimão e calçados com sola de borracha dentro de casa”, contou.
O diretor Laecio Bragante reforça a importância da atuação familiar na prevenção de quedas. “Muitas vezes, medidas simples como a instalação de corrimãos, remoção de tapetes e melhoria na iluminação já reduzem significativamente os riscos. A participação da família é essencial nesse processo”, afirmou.
Ele também alerta para o risco da imobilização prolongada como tentativa de evitar novos acidentes. “Manter o idoso restrito ao leito pode causar atrofia muscular e dificultar sua mobilidade. O ideal é que ele tenha o acompanhamento necessário para se movimentar com segurança, preservando sua autonomia”, explicou.
Em caso de queda, saiba como agir:
Mantenha a calma e verifique se há sinais de dor intensa, sangramentos, deformidades ou dificuldade para se movimentar;
Não tente levantar o idoso bruscamente;
Verifique a consciência e conforto da vítima;
Acione o SAMU (192) em casos de dor intensa, batida na cabeça ou suspeita de fratura;
Se o caso for leve, aplique gelo e continue observando sinais como sonolência excessiva, confusão mental ou vômitos, que exigem avaliação médica.
Medidas simples que ajudam a prevenir quedas (orientações da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa):
Retirar tapetes soltos e evitar encerar a casa;
Instalar corrimãos em escadas e corredores;
Usar calçados fechados com solado de borracha;
Colocar tapetes antiderrapantes nos banheiros;
Manter boa iluminação, especialmente à noite;
Evitar pisos molhados ou escorregadios;
Manter os ambientes livres de obstáculos;
Usar bengalas, andadores ou outros apoios quando necessário;
Esperar o ônibus parar antes de subir ou descer;
Utilizar sempre a faixa de pedestres.
Fonte: Repórter PB
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