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Eu Posso Diversidade

Linhas de créditos da Prefeitura oferecem condições  favoráveis a comunidade LGBT

Outra diferença está nas condições de pagamento

Da Redação Repórter PB

16/11/2025 às 12:22

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Serviços e atendimentos ‧

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As ações de fortalecimento ao empreendedorismo inclusivo da Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), também abre novas oportunidades a mulheres trans. E são histórias assim que vamos conhecer nesta segundo reportagem sobre o empreendedorismo inclusivo promovido pela administração municipal.

De acordo com o coordenador do programa ‘Eu Posso’, Lucas Silva, os editais para os grupos vulneráveis estão dentro da linha de crédito Ações Públicas, que conta com condições mais favoráveis em relação ao modelo padrão do programa ‘Eu Posso’. O valor para pessoa física é ampliado de R$ 8 mil para R$ 10 mil. Já para pessoa jurídica, há uma majoração de R$ 15 mil para R$ 20 mil.

Outra diferença está nas condições de pagamento. O financiamento pode ser dividido em até 24 parcelas mensais fixas, com carência de até seis meses – três meses a mais em relação ao edital padrão - quando houver investimento em capital fixo ou misto. Para investimento apenas em capital de giro, o pagamento é de até 12 parcelas e sem carência.

A taxa de juros é de 0,9% ao mês. “Nos editais ‘Elas Podem’ e ‘Diversidade’, não há análise de crédito, diferente da linha de crédito tradicional, no qual a consulta negativa ao órgão de proteção ao crédito possui caráter eliminatório. Já no edital ‘Inclusivo’, a análise é para o parente da pessoa com deficiência”, pontuou Lucas Silva.

Recursos de R$ 19 milhões - O programa de microcrédito ‘Eu Posso’ já injetou a quantia de R$ 19,1 milhões na economia de João Pessoa, com a assinatura de mais de 3 mil contratos, desde o início da gestão do prefeito Cícero Lucena, em 2021.

No processo de concessão do crédito, os participantes devem participar de quatro cursos preparatórios para o empreendedorismo, ofertados pela Sedest. Os participantes têm acesso aos cursos por meio de aulas gravadas com recursos de acessibilidade — como legendas e linguagem simples, com link disponibilizado no site www.euposso.joaopessoa.pb.gov.br.

A linha de crédito promove o fortalecimento e longevidade dos negócios a partir de sua metodologia, que inclui capacitação, realização de plano de negócios, visita técnica no endereço comercial dos proponentes, liberação de crédito e acompanhamento contínuo dos resultados na etapa de pós-crédito.

Espectros da diversidade – O coordenador de Promoção à Cidadania LGBT, Geraldo Filho, afirmou que o edital ‘Eu Posso Diversidade’ contempla todos os espectros da comunidade LGBTQIAPN+, mas ponderou que a população transexual e travesti é a mais vulnerável. “O preconceito começa no ambiente escolar e, muitas vezes, a pessoa evade a escola, o que prejudica sua inserção no mercado de trabalho. Nós combatemos essas questões com a realização de políticas públicas e oferta de cursos profissionalizantes, por exemplo, e agora com essa oportunidade de crédito para o empreendedorismo”, comentou.

Salão de beleza - A cabeleireira e maquiadora Kika Falcão quer começar o próximo ano com o pé direito. Ela pretende abrir um salão de beleza em sua casa e isto será possível por meio da linha de crédito “Eu Posso Diversidade’. Kika é uma mulher trans e já está no ramo da beleza há 30 anos. Ela já inspirou muita gente da comunidade LGBTQIAPN+, ao longo da caminhada, marcada não só por vitórias, mas por preconceito.

Ela relembra com muito pesar a violência que sofreu nas redes sociais. Após um longo dia de trabalho, ela foi fotografada no ônibus de volta para casa e a imagem foi publicada nas redes sociais com dizeres maldosos e criminosos. “Aquilo me machucou muito. Venho recebendo apoio psicológico desde o ano passado, mas eu fui até o fim, acionei a justiça e aquela mulher cisgênero que publicou a foto foi condenada a pagar serviços comunitários ao Estado”, disse.

Aos 50 anos de idade, Kika Falcão já é mais do que vitoriosa, considerando que já ultrapassou a estimativa de vida de uma mulher transexual, que é de apenas 35 anos. Atualmente, ela trabalha em um salão de beleza e mantém um espaço em sua casa, que pretende ampliar. Para isto, ela precisa do microcrédito social, cujo valor será investido na compra de equipamentos de trabalho, como cadeira, lavatório, secadores de cabelo e chapinha.

“É muito importante a gente dar conforto ao cliente e trabalhar com bons produtos. Eu já comecei a assistir às aulas do curso de capacitação e estou concluindo. Muitas coisas eu já sabia, é sempre bom aprender com conhecimento técnico”, disse ela, esperançosa por sucesso no novo empreendimento.

Novos caminhos – Quem também quer crescer com investimento do edital ‘Eu Posso Diversidade’ é o barbeiro Elias Gomes. Ele também é um sobrevivente da violência contra as pessoas LGBTQIAPN+. Dentro do espectro, ele é bissexual, o que foi motivo de muitos conflitos em sua família, fazendo com que ele deixasse o lar em busca de outro caminho, ainda na adolescência. Hoje, ele conta com uma medida protetiva contra um familiar após sofrer violência patrimonial em sua própria casa.

“Toda essa situação abalou meu psicológico. Eu sempre tinha a família como um porto seguro, mas eu não encontrei segurança lá, encontrei fora”, lamentou Elias Gomes. Mas esses obstáculos não tiraram dele a garra e vontade de vencer. Ele começou a trabalhar bem cedo e, desde 2021, vem desempenhando o ofício de barbeiro. Elias atua numa barbearia em regime de parceria, mas sonha em montar o próprio espaço.

“Eu atendo homens e mulheres, mas quero montar minha barbearia e focar no público masculino. Para isto, eu preciso de recursos para adquirir os materiais necessários. Por enquanto, eu só tenho a máquina e o pente”, afirmou.

Clientela - Enquanto o investimento não chega, ele já conta com sua clientela. “Tenho clientes que vêm de outros bairros para cortar o cabelo comigo. Então, acredito que essa clientela vai se manter em outros locais”, apontou o empreendedor. Ele está ansioso para assistir às aulas do curso de capacitação do ‘Eu Posso Diversidade’, mas já coloca em prática o bom atendimento ao cliente.

“Atendimento é tudo pra quem trabalha com o público. A gente interage e até vira amigo do cliente. Muitas vezes recebo brindes como forma de carinho. Eu tento fazer com que a pessoa se sinta única o máximo possível, e acho que isso tem tudo a ver com o empreendedorismo. Tenho clientes que estão acamados e eu vou até eles, separo um dia da semana para isto. Acho que se colocar no lugar do próximo é um ganho pra quem faz o bem”, opinou.

Inscrições - As inscrições para o edital ‘Eu Posso Diversidade’ serão realizadas até esta segunda-feira (17) presencialmente na sede da Sedest, na Rua Diogo Velho, 150, Centro. O atendimento é das 8h às 14h. O contato pode ser feito por telefone e por Whatsapp pelo número 3221 6328.

Fonte: Thadeu Rodrigues

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