Sousa/PB -
cop 30

China recusa aporte ao fundo ambiental proposto pelo Brasil e expõe fragilidade diplomática do governo Lula na COP30

Mesmo sendo o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, a China sustenta que países industrializados devem liderar iniciativas financeiras globais

Da Redação Repórter PB

14/11/2025 às 08:46

Ads 970x250
Imagem Luiz Inacio Lula da Silva, Presidente

Luiz Inacio Lula da Silva, Presidente ‧ Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Tamanho da Fonte

O governo chinês decidiu não aportar recursos no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), principal iniciativa apresentada pelo Brasil na Cúpula de Líderes da COP30, em Belém. A recusa de Pequim — terceiro maior parceiro político do governo Lula — representa um revés significativo para a estratégia brasileira de ampliar o financiamento internacional voltado à preservação ambiental.

Fontes diplomáticas chinesas afirmam que o país mantém a posição histórica de que a responsabilidade financeira pelo combate às mudanças climáticas deve recair sobre nações desenvolvidas, e não sobre economias emergentes. O argumento segue o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, adotado desde a Rio-92 e usado pela China para justificar a ausência em fundos multilaterais, como ocorreu anteriormente com o Fundo Verde para o Clima.

Mesmo sendo o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, a China sustenta que países industrializados devem liderar iniciativas financeiras globais, enquanto economias em desenvolvimento devem priorizar políticas internas de mitigação e adaptação.

A dificuldade diplomática brasileira não se limita aos chineses. Estados Unidos, Reino Unido e Espanha também optaram por não contribuir com o TFFF, em um cenário que contrasta com o discurso brasileiro de liderança climática e articulação internacional. A Alemanha é o único país que sinalizou interesse em uma contribuição “considerável”, mas sem valores ou prazos definidos.

Até agora, o fundo acumula apenas US$ 5,6 bilhões — montante muito inferior aos US$ 125 bilhões previstos para sua operacionalização completa.

Apesar da recusa financeira, a China é um dos 53 países que assinaram a declaração de apoio político ao fundo. Dentro do governo Lula, auxiliares afirmam que Pequim enviou “bons sinais” em encontros bilaterais, embora não tenha feito qualquer compromisso concreto.

Na prática, o Brasil enfrenta o desafio de transformar apoio diplomático em aportes reais — algo que, até aqui, não aconteceu.

Lançado em 6 de novembro, o TFFF prevê pagamentos de R$ 21,12 por hectare preservado, mas o mecanismo só será ativado quando o fundo atingir capitalização integral. O Banco Mundial atuará como gestor inicial, e pelo menos 20% dos recursos deverão ser destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais.

A expectativa do governo federal era alcançar R$ 52,8 bilhões já em 2025, meta que agora parece distante. Países como Japão, Holanda e Canadá ainda não manifestaram posição, e nenhum banco multilateral confirmou participação. No setor privado, apenas a Minderoo Foundation, do bilionário australiano Andrew Forrest, anunciou aporte de US$ 10 milhões.

A negativa chinesa tem peso simbólico e prático. Enfraquece o discurso de Lula sobre liderança internacional na área ambiental e revela limites da articulação diplomática brasileira diante das grandes potências.

Além disso, evidencia um problema estrutural: a dependência do Brasil de países que, mesmo alinhados politicamente ao governo, não estão dispostos a assumir compromissos financeiros de longo prazo — especialmente em temas climáticos envolvendo a Amazônia.

Enquanto tenta ampliar a credibilidade ambiental do país, o governo Lula agora precisa reposicionar sua estratégia de captação internacional, sob risco de ver a principal vitrine da COP30 perder tração política antes mesmo de entrar em operação.

Fonte: hora brasilia

Ads 728x90

QR Code

Para ler no celular, basta apontar a câmera

Comentários

Aviso Legal: Qualquer texto publicado na internet através do Repórter PB, não reflete a opinião deste site ou de seus autores e é de responsabilidade dos leitores que publicam.