07/08/2025 às 08:32
Após mais de 30 horas de paralisação provocada por um protesto de parlamentares bolsonaristas, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reassumiu o comando da Casa na noite desta quarta-feira (6), marcando o fim de uma das mais intensas crises recentes do Legislativo. A sessão, originalmente agendada para as 20h30, só teve início às 22h, após uma série de negociações lideradas por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL).
O impasse começou na terça-feira (5), quando um grupo de deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupou o plenário em protesto contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro. Os manifestantes exigiam a votação de uma proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, além do impeachment de Moraes e o fim do foro privilegiado.
Durante toda a madrugada, o plenário permaneceu ocupado, com acesso restrito e monitoramento da Polícia Legislativa. A Câmara ficou impossibilitada de realizar votações e debates, o que gerou reação de líderes partidários que pediram a retomada da normalidade institucional.
Mesmo diante das pressões, Hugo Motta enfrentou resistência ao tentar ocupar seu lugar na presidência da Mesa. Chegou a ser impedido fisicamente pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), sendo necessário o auxílio de Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) para assumir o posto após momentos de tensão e empurra-empurra.
Em seu pronunciamento, Motta manteve um tom conciliador, mas firme. “Projetos individuais não podem estar acima do país. O que vimos aqui não reflete os valores democráticos desta Casa”, afirmou. Segundo ele, a democracia precisa ser preservada sem ceder a chantagens. A sessão foi encerrada logo após sua fala.
Apesar do fim do impasse, a oposição bolsonarista celebrou o que chamou de “vitória estratégica”, alegando ter garantido o compromisso para que temas como anistia e foro privilegiado sejam discutidos em breve. Já os partidos da base governista e do centro enxergaram o episódio como um recuo forçado dos bolsonaristas, diante da falta de apoio político e do risco de punições internas — entre elas, suspensões de até seis meses para quem impedisse os trabalhos.
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) também reagiu. Anunciou que as sessões serão retomadas virtualmente e rechaçou qualquer tentativa de constrangimento, reafirmando que não colocará em pauta pedidos de impeachment contra ministros do STF. “A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, destacou em nota oficial.
Fonte: Repórter PB
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