
16/12/2025 às 12:51
Em meio a uma operação de retirada de gado ilegal na Terra Indígena (TI) Apyterewa, no Pará, mais uma vítima. Assassinos emboscaram e mataram um vaqueiro que fazia parte da equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e participava de uma operação de desintrusão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O nome do vaqueiro não vai ser divulgado até que a família seja avisada. Ele foi baleado na altura do pescoço por volta de 14h dessa segunda-feira (15), enquanto participava da condução de cerca de 350 cabeças de gado por ramais estreitos na mata.
Nós da equipe do Caminhos da Reportagem e o fotógrafo da Agência Brasil Bruno Peres acompanhamos uma parte da operação a convite do Ministério dos Povos Indígenas e tínhamos saído de lá na manhã desta segunda.
A operação de retirada de gado ilegal da Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no Sudeste do Pará, faz parte de uma série de ações que cumprem determinação do STF para retirada de invasores das terras indígenas.
Em outubro de 2023, foram retiradas da TI Apyterewa, de forma estimada, mais de 2 mil pessoas que criavam gado e cultivavam cacau ilegalmente no território. Foi a terra indígena mais desmatada entre 2018 e 2022 por conta dessas atividades.
Apesar de os produtores rurais já terem sido retirados da área, ainda há gado remanescente. O Ibama detectou mais de 40 pontos com a presença de bovinos. Alguns invasores continuam tentando entrar na área indígena pra manejar esse gado e eles vêm fazendo atentados contra os indígenas e contra os agentes do Estado. Um funcionário da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) chegou a ser baleado no ano passado.
Além de disparar, esse invasores queimam pontes e também deixam estruturas pontiagudas nas estradas pra furar os pneus dos carros oficiais.
Da operação de retirada de gado participam, além do Ibama e do Ministério dos Povos Indígenas, a Funai, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional, Agência de Defesa Agropecuária do Pará e as Polícias Militar e Civil do estado.
É uma ação complexa, porque esse gado está em áreas de floresta por onde não é possível chegar de carro, às vezes nem de quadriciclo. Os vaqueiros contratados pelo Ibama tocam o gado até o local onde é embarcado. Depois o rebanho é levado para uma fazenda a cargo da agência de defesa agropecuária do Pará.
Lá o gado é triado. Uma parte fica de quarentena e outra vai para o abate. A carne só pode ser destinada a ações sociais, como merenda escolar. Não pode ser vendido.
A morte do vaqueiro vai ser investigada pela Polícia Federal, que já tem uma investigação em andamento sobre as ações dos invasores.
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