
29/10/2025 às 16:42
O Rio de Janeiro ainda conta os mortos da megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, zona Norte da capital. Desde a madrugada, mais de 60 corpos foram resgatados por moradores na área de mata da Serra da Misericórdia, entre os complexos do Alemão e da Penha.

Enfileirados em uma praça movimentada da região, os corpos atraíram diversas pessoas, muitas tentando reconhecer algum parente entre eles. Com os novos resgatados, pode passar de 100 o número de mortos na operação desta terça-feira (28) contra o crime organizado, já considerada a mais letal no estado.
Os corpos começaram a ser levados ainda de manhã pela Defesa Civil, para perícia e identificação no Instituto Médico Legal. A Delegacia de Homicídios da capital foi acionada para investigar as mortes.
O ativista Raull Santiago, morador do complexo, acompanhou o resgate dos corpos e fez transmissões ao vivo nas redes sociais durante o período.
"São 54 corpos até agora, Ou seja, somado aos 64 de ontem, a gente já tá falando de pelo menos 118 pessoas, possivelmente pelo dado que foi trazido pelos jovens que estão lá na mata e que estão pela favela procurando pessoas. Tem em torno de mais de 12 que eles identificaram lá em cima, [estão] encontrando formas de trazer. Então a gente já bate ali quase 130 corpos, fora o que pode estar acontecendo por aí. Eu acho que infelizmente a gente está alcançando um marco histórico para o nosso país, que é a superação da chacina do Carandiru."
As famílias que perderam algum parente estão sendo atendidas no posto do Detran ao lado do IML, sem impacto para os serviços prestados pelo departamento de trânsito no local.
A Polícia Militar foi procurada, mas ainda não se pronunciou. Já a Polícia Civil informou, através de nota, que o acesso ao IML está restrito à polícia e ao Ministério Público, que realizam os exames necessários. As demais necropsias, sem relação com a operação, serão feitas no IML de Niterói, na região metropolitana.
Em entrevista coletiva no final da manhã, após reunião com a Cúpula de Segurança Pública e governadores de outros estados, Claudio Castro disse que aguarda apoio do governo federal, incluindo verbas.
"Esperamos do governo federal um foco de integração, um foco de trabalho junto, um foco inclusive de financiamento, já que há por parte de algumas autoridades tanta preocupação, que eles nos ajudem sim a financiar. Ontem falei com o ministro Rui Costa, solicitei 10 vagas em penitenciárias federais. Falei com o presidente do Tribunal de Justiça e com o Procurador-Geral de Justiça para que a gente possa facilitar a ida desses criminosos que já estão em isolamento desde ontem. Aqueles que o relatório de inteligência mostram que ficam comandando o terror de dentro das cadeias."
O Rio de Janeiro é atualmente o segundo estado com maior número de presos sob custódia federal, totalizando 59 custodiados de alta periculosidade. Somente em 2025, 12 novas inclusões foram realizadas no Sistema Penitenciário Federal.
Para ler no celular, basta apontar a câmera