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Especialistas criticam lógica do combate armado para enfrentar facções

Rádio Agência

29/10/2025 às 13:43

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A lógica de combate armado contra as facções criminosas não dá resultado e não melhora a situação do Rio de Janeiro, dizem especialistas. O sociólogo José Cláudio Souza Alves, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, estuda há 33 anos grupos de extermínio, milícias e tráfico. Para ele, essa disputa bélica só resulta em mortes cada vez mais numerosas. José Cláudio diz que o dualismo simples de bem contra o mal, ou polícia contra bandido não resolve e que estimular isso serve só para chamar a atenção em cima das mortes e dos confrontos.

"Todo mundo quer se projetar politicamente, se projetar economicamente, culturalmente em cima, vão fazer podcast, vão fazer lives, vão fazer nos sites do bandido bom, bandido morto, para poder projetar os seus discursos tecnocráticos de operações e sinalizações e protocolos. É isso que se vai fazer hoje na mídia? Ninguém sabe para onde ir, está todo mundo dando cabeçada. Por que ninguém faz um debate concreto e real sobre que universo é esse", diz.

Para o sociólogo, o arranjo da segurança pública está no centro do problema. O especialista diz que as autoridades precisam encontrar novas formas de interceptar, investigar, seguir dinheiro e prender pessoas. E, claro, dar alternativas reais de emprego e de educação para a população vulnerável, que está à mercê do assédio de grupos criminosos.

"Não se trata de aumentar o poder bélico de segurança pública. Trata-se de um outro projeto de segurança pública e nunca foi aplicado aqui. Analisem o Alemão em 2010, nós estamos 15 anos depois agora e estamos vendo as mesmas cenas se repetindo, porque isso tudo permanece na mesma dinâmica de sempre", afirma.

A ADPF das Favelas foi uma medida do STF para reduzir a letalidade das ações da polícia no Rio. Por isso, a operação dessa terça foi um fracasso na opinião do advogado criminalista e pós-doutor em Direitos Humanos, Antônio Gonçalves:

"Quando você tem uma operação que envolve 2.500 agentes e que você tem mais de 100 pessoas mortas, claramente não houve respeito à população. E o governador diz que foi um sucesso, mas é porque o modus operandi do governo do Estado do Rio de Janeiro sempre foi a aplicação da violência e a supressão de direitos", diz.

Gonçalves também aponta outro caminho para combater as organizações criminosas: investigar, seguir o dinheiro e cortar os lucros do crime, e não o uso da violência. 

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