14/09/2025 às 12:38
Após quase meio século sem respostas, o corpo do pianista Francisco Tenório Cerqueira Júnior foi identificado em uma vala comum na periferia de Buenos Aires, capital Argentina. A informação é da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, nesse sábado (13).
Em 18 de março de 1976, Tenório acompanhava Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê pela América do Sul; e desapareceu após sair do Hotel Normandie, na Avenida Corrientes, região central de Buenos Aires. Em um bilhete deixado para o poeta Vinícius, o pianista informava que estava saindo para comer um sanduíche e comprar um remédio; e que voltava logo.
Segundo a Equipe Argentina de Antropologia Forense, o pianista brasileiro foi morto a tiros, na madrugada em que desapareceu. Com 35 anos, Tenório não tinha envolvimento com movimentos políticos e deixou quatro filhos e a esposa, Carmen Cerqueira, grávida de oito meses.
O sumiço de Tenório Jr. mobilizou a classe artística na época. Como, Vinícius, Toquinho, Elis Regina e amigos como o poeta Ferreira Gullar, exilado em Buenos Aires. Elis dedicou o disco "Essa Mulher", lançado em 1979, à “ausência de Francisco Tenório Jr”.
Foi descoberto, agora, que o corpo do brasileiro foi encontrado em um terreno baldio, dois dias depois de desaparecido. Ele foi enterrado sem identificação, dias antes do golpe de Estado que derrubou María Estela Perón, e instalou a ditadura militar na Argentina, durante sete anos.
Organizações de direitos humanos estimam 30 mil “desaparecidos” nesse período. Registros históricos mostram que, mesmo um ano antes do golpe, corpos foram encontrados nas ruas de Buenos Aires e as investigações, arquivadas.
O reconhecimento do pianista brasileiro, feito pelo registro de digitais, só foi possível, a partir de um levantamento da Procuradoria de Crimes contra a Humanidade, órgão argentino. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos não sabe ainda se será possível exumar o corpo, do Cemitério de Benavídez, na capital argentina, para comparação de amostra genética.
A comissão disse, ainda, que continua acompanhando esse e outros casos relacionados à Operação Condor, a aliança entre as ditaduras na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, durante a década de 1970, para vigiar, sequestrar, torturar, assassinar e desaparecer militantes políticos que faziam oposição.
*Com informações da Agência Brasil.
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