10/09/2025 às 18:57
Um estudo inédito mostra que voltar a estudar na EJA, a Educação de Jovens e Adultos, e concluir os estudos, pode trazer ganhos importantes para a vida de quem deixou a escola cedo.
A pesquisa revela que a renda dos trabalhadores entre 18 e 60 anos de idade pode crescer em até 16%, quando eles concluem as turmas de alfabetização. Na faixa entre 45 e 60 anos, a conclusão da etapa tem impacto ainda maior sobre a renda, passando de 23%.
Já a conclusão do 9º ano do ensino fundamental, eleva a renda média em 4,6% para quem tem entre 18 e 60 anos. Na faixa entre 26 e 35 anos, a renda pode aumentar quase 15%, com o fim da etapa.
E quem tem de 18 a 60 anos e termina o ensino médio pela EJA tem, em média, um crescimento de 6% no salário. Já na faixa de 26 a 35 anos, o aumento chega a 10%.
Além disso, em todos os casos, segundo o estudo, os adultos que voltar a estudar e terminam as etapas da educação básica têm mais chances de conseguir um emprego formal e de qualidade. Ou seja, posto com carteira assinada, recebendo pelo menos um salário-mínimo e trabalhando até 44 horas semanais. Mas, a questão não é só financeira, como detalhou a autora do estudo, Fabiana de Felicio.
"Os ganhos, a gente sabe, vão muito além do financeiro. Tem a questão de satisfação pessoal, que às vezes a gente até esquece de pôr porque é difícil de medir, tem questão de saúde, segurança, participação social, engajamento cívico... Tudo isso comprovado por estudos bastante relevantes e reconhecidos".
Dessa forma, investir na EJA traz benefícios para as pessoas e a sociedade, com mais produtividade, redução da pobreza e menos desigualdade. Mas, segundo a pesquisadora, se as pessoas desistem ou nem procuram a EJA, é importante avaliar os motivos para resolver e impulsionar a educação.
" Se não procura porque falta vaga. Se é porque falta vaga nos horários que a pessoa pode cursar ou no local que ela consegue chegar. Se é um desconhecimento desse benefício, se ela não sabe o que cursar aumenta a chance dela de ter um emprego melhor, uma renda melhor. Se são barreiras práticas de conciliar trabalho, estudo, questões de segurança, custo de deslocamento, questões financeiras... Muitas coisas que a gente precisa entender pelo lado da demanda, né?"
O estudo foi encomendado pelo Ministério da Educação em parceria com a Unesco, o braço da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Segundo o Censo Demográfico de 2022, divulgado este ano pelo IBGE o número de adultos com 25 anos ou mais sem instrução ou com Ensino Fundamental incompleto caiu de 63,2% em 2000 para 35,2% em 2022. Só que esse percentual representa ainda 54 milhões de pessoas analfabetas ou que não chegaram a terminar o 9º ano do Educação Básica.
Para atuar nessa situação, o Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos do MEC prevê a criação de 3,3 milhões de novas matrículas na EJA e oferta integrada à educação profissional, com um investimento de R$ 4 bilhões em quatro anos.
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