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Adaptar a economia às mudanças climáticas é um dos focos da COP30

Rádio Agência

06/08/2025 às 08:27

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Daqui há exatos três meses, os olhos do mundo estarão voltados para Belém. A capital paraense vai receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que pela primeira vez acontece na região amazônica, onde está a maior floresta tropical do planeta. Líderes mundiais, autoridades, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil vão debater ações para combater a crise climática global.

Diretora-executiva da COP30 e secretária nacional de mudanças do clima, ligada ao Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, destaca quatro grandes temas em discussão.

“O primeiro é lidar com a adaptação a um clima que já se modificou. Já tem mais seca, já tem mais enchentes, já tem mais incêndios. Então a gente tem que aprender a viver com isso. É um grande tema de negociação da COP 30. O segundo é quando a gente fala combater a mudança do clima, a gente pensa que é simplesmente um tema tecnológico. Carros elétricos, painéis solares, o que é verdade, mas a gente esquece que também é fundamental preservar a natureza, preservar os nossos oceanos, as nossas florestas. Então. esse vai ser um tema muito importante. O terceiro tema eu diria a gente mudar a economia. A economia não pode mais ser assim como sempre foi. A gente tem que incorporar as preocupações climáticas no nosso modelo de desenvolvimento geral. E por fim, são as causas da mudança do clima. Toda a poluição, os gases de efeito estufa, como é que está vindo poluição, por exemplo, de combustíveis fósseis, dos nossos transportes. Como é que a gente consegue controlar esses gases para diminuir o problema e conseguirmos ter tempo de nos adaptar a essa mudança do clima.”

Em entrevista à Voz do Brasil, ela também lembrou que o debate e as negociações sobre a mudança do clima acontecem há dez anos, desde o acordo de Paris. Ana Toni espera que a COP 30 marque o início de implementação.

“A gente está convidando o setor privado, governos subnacionais, para juntos implementarmos o que já foi acordado. Por exemplo, acabar com o desmatamento,  triplicar energia renovável, duplicar eficiência energética, transitar para os fins de combustíveis fósseis. O que a gente precisa agora é implementar. Então a nossa COP, o grande mote vai ser implementação, juntos com os outros setores.”

Em paralelo à COP 30, acontecerá a Cúpula dos Povos, um espaço de articulação do campo popular de várias partes do mundo, explica Ayala Ferreira, da Coordenação Nacional do MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. 

“É uma articulação que se propõe a ser um espaço autônomo diverso, porque nós somos múltiplos e representamos distintas realidades e territórios e organizações populares que se propõe em encontrar o que nós chamamos de linhas de convergência acerca desse que será o principal tema de mobilização na COP 30, que é o debate da crise ambiental, das mudanças do clima, que tem provocado profundas transformações no campo e nas cidades do mundo inteiro.”

Ayala reforça a importância desse espaço de mobilização. 

“Nós sabemos que somente com povo organizado, se colocando em movimento, nós vamos conseguir romper o que nós compreendemos que são verdadeiras barreiras que impede com que estados, com que governos, com que organismos internacionais, como a ONU, escute aqueles e aquelas que diretamente são afetados por esse modelo do sistema capitalista que tem produzido essas contradições em nossa sociedade que passa por essa crise ambiental.

Até agora, mais de 800 organizações trabalham na articulação e construção da Cúpula dos Povos e são signatárias de uma carta política que define os princípios gerais da mobilização e aponta soluções para a crise climática, detalha Ayala Ferreira.

“É possível, sim, enfrentarmos essa crise ambiental colocando em movimento o que nós chamamos de verdadeiras, reais e necessárias soluções diante da crise climática. Que ao nosso ver passa por reafirmar os territórios, a democratização do acesso à terra, reafirmar a demarcação e o reconhecimento de terras tradicionais indígenas e quilombolas, reafirmar que a natureza é sim um sujeito de direitos e que toca a toda a sociedade esse compromisso ético com as futuras gerações de preservar, de cuidar da natureza. Ela não é uma mercadoria, como alguns tentam afirmar. A natureza é um bem que devemos de certa forma cuidar.”

A expectativa é que a Cúpula dos Povos reúna entre 10 e 15 mil pessoas em Belém.  Somadas aos participantes da COP 30, a capital paraense se prepara para receber um elevado número de visitantes em um curto espaço de tempo. Ações coordenadas pelo governo federal, com o apoio do estado e prefeitura, modificam a rotina dos paraenses.  Elizabeth Grunwald, presidente da Associação Comercial do Pará, diz que a preparação do megaevento inclui um programa de capacitação que já certificou mais de 20 mil pessoas. 

“Através dessa plataforma que disponibiliza cerca de 30 mil vagas em 67 cursos nas áreas de turismo, gastronomia, infraestrutura, segurança, línguas e outros, nós já tivemos nesse processo cerca de 22 mil pessoas que já foram capacitadas gratuitamente.”

Um dos desafios é a barreira linguística, destaca Elizabeth.

“Nós temos estimulado muito não só os cursos de língua, o inglês básico, como também que os equipamentos de turismo, todos eles, possam ter suas identificações, seus cardápios bilíngue para que isso facilite. Temos estimulado também os translators, que cada empreendimento possa de alguma maneira ter um manual, ter um translator para superar essa barreira. Estamos discutindo muito a mobilidade urbana, a gestão de estoque, a gestão de resíduos, a garantia dos suprimentos, entre outros, visando o atendimento a todas essas necessidades e a minimização, claro, de todo esse impacto especialmente ambiental na cidade.”

A COP30 acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro, sendo que a abertura será a Cúpula de Líderes, que que vai reunir na capital para esses chefes de Estado e de governo nos dias 6 e 7 de novembro.

*Com produção de Diana Vitor, da Rádio Nacional no Rio de Janeiro.

 

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