23/07/2025 às 21:29
Mais de mil casos de tráfico de pessoas foram identificados em 113 países. É o que mostra o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2024 – produzido pelo UNODC, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes –, referente ao período de 2020 a 2022. As ocorrências envolveram mais de 5,7 mil vítimas e 3,5 mil criminosos em todo o mundo.
O assunto foi debatido nesta quarta-feira (23), em um seminário internacional realizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília.
Segundo o oficial de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal do UNODC, Carlos Perez, há fortes evidências de vínculo entre o crime organizado e o tráfico de pessoas. “No âmbito global, 74% dos casos de tráfico de pessoas é feito por organizações de crime organizado”, afirmou.
No contexto nacional, a coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes do Ministério da Justiça, Marina Bernardes de Almeida, destacou pontos do Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas, lançado recentemente:
“No contexto brasileiro, a gente tem uma predominância de homens no tráfico para fins de trabalho escravo e de mulheres, para fins de exploração sexual. E essa é uma tendência que vem se verificando desde os relatórios iniciais, demonstrando um pouco essa interseccionalidade com as questões de gênero e a finalidade do tráfico de pessoas.”
Outro dado alarmante, também observado em outros países, segundo Marina Bernardes, é o uso crescente da internet no aliciamento, no controle e na própria exploração dessas vítimas:
“A gente observou que há algumas diferenças, a depender do tipo de tráfico e da finalidade. Então, no tráfico interno, muitas vezes, o recrutamento se dá por meio de familiares, de pessoas conhecidas. No tráfico para fins de trabalho escravo internacional, o aliciamento pela internet, por redes sociais, já apareceu de forma muito contundente. Na exploração sexual, também as mídias sociais foram apontadas como a principal forma de recrutamento.”
De acordo com a especialista do Ministério da Justiça, atualmente, existe um fluxo de brasileiros e de pessoas de outras nacionalidades para o sudeste asiático e para a Europa. Segundo Marina Bernardes, as rotas e os modos de aliciamento estão se digitalizando, com implicações diretas na forma como o crime é praticado, investigado e prevenido.
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