
04/12/2025 às 16:45
O Hospital do Servidor General Edson Ramalho (HSGER) adotou um novo protocolo para cicatrização mais rápida de feridas com uso de curativos que regeneram a pele, aliado a uma suplementação alimentar. O tratamento utilizado no HSGER, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde) e integrante da rede estadual, pode substituir a realização de cirurgias e reduzir o tempo de alta hospitalar em até dois meses. A adoção do protocolo é uma iniciativa da Comissão de Pele e da Nutrição.
A coordenadora da Comissão de Pele, Jussara Fernandes, explica que o material utilizado nas coberturas dos curativos regenera a pele mais rapidamente, com principal uso nos casos de Síndrome de Fournier - uma infecção causada por bactérias que acomete os tecidos moles da região perineal (entre o ânus e o órgão genital). O protocolo também é usado nos casos de úlceras venosas, arteriais ou mistas, pioderma gangrenoso (doença inflamatória crônica e rara que causa feridas dolorosas na pele) e lesões por pressão, por exemplo.
“A cobertura que usamos é muito rica na regeneração do corpo sistêmico. É como se fosse uma pele sobre a pele humana, então, é muito útil para os pacientes que perdem parte ou totalmente a pele. O uso dessa película pode substituir o enxerto de pele, devido à capacidade de preservação, e pode até sanar a necessidade de uma cirurgia. Tivemos o caso de um paciente que passou por uma cirurgia de hérnia, mas o organismo fez com que a ferida abrisse no pós-cirúrgico. A partir daí, a Comissão de Pele, junto com equipe de Nutrição e Médica, conseguiu avançar até fechar a ferida só com curativo, sem precisar fazer uma nova cirurgia”, aponta Jussara Fernandes.
A Nutrição faz uma dieta diferenciada aos pacientes em estado crítico indicados pela Comissão de Pele para fortalecer a imunidade e acelerar o processo de cicatrização das feridas do corpo. “Temos no hospital um suplemento hiperproteico com aminoácido arginina, fundamental para a cicatrização da pele. Desta forma, o paciente recebe alta bem antes, liberando o leito para outro paciente. Assim, o protocolo beneficia o paciente, que pode ir mais rápido para casa, e reduz os custos do hospital”, observa o coordenador da Nutrição, Felipe Lundgren.
Capacitação - As equipes assistenciais do HSGER estão em constante processo de capacitação para melhor atender os pacientes. Na semana passada, foi feita uma capacitação com a equipe de Enfermagem sobre os curativos regenerativos. Já nesta semana, as capacitações foram sobre o uso de bolsas de colostomia e fístulas.
A Comissão de Pele trata de pacientes com feridas em toda a unidade hospitalar e realiza mais de 30 atendimentos por dia, em âmbito ambulatorial e internados. A demanda pelo serviço é maior entre os pacientes com diabetes, problemas vasculares e síndrome de Fournier.
Atendimento - Conforme Jussara Fernandes, o atendimento é feito em todos os leitos em que há pacientes com feridas, contemplando todos os pacientes - desde os recém-nascidos na Maternidade até os pacientes adultos que estão nas enfermarias ou na unidade de terapia intensiva (UTI). Além disso, há o atendimento no Ambulatório de Feridas e em conjunto com o Ambulatório de Cirurgia Vascular. Outra frente de atuação da Comissão de Pele é a elaboração de parecer técnico solicitado pelos médicos para definição sobre a alta hospitalar do paciente.
“É muito comum atendermos casos de pacientes com pé diabético, feridas vasculogênicas e síndrome de Fournier. Tivemos uma paciente que ficou internada na UTI entre a vida e a morte, com um quadro de difícil reversão. Mas, felizmente, ela se recuperou ao ponto de ser transferida para a enfermaria e nós começamos a cuidar dela. Realizamos a debridação da ferida (remoção de tecido morto) e curativos para fazer a compressão do sangramento, além do uso de medicações”, explicou.
Diabetes - Segundo Jussara Machado, quando os pacientes diabéticos procuram o hospital para tratar feridas, geralmente, a situação já é grave, com falta de circulação do sangue na área. Ela citou o caso de um paciente que estava cuidando de uma úlcera vasculogênica no pé há três anos, em sua cidade, mas sem resultados. “A avaliação vascular foi de risco de amputação porque o pé estava infeccionado e sem circulação do sangue. Mas fizemos a limpeza cirúrgica e curativos, e conseguimos fechar a ferida em três meses”, exemplifica.
Alguns desfechos são positivos, outros não. Há casos em que o paciente sofre amputação de membro ou até mais de um, indica a coordenadora da Comissão de Pele. Segundo ela, a ferida pode começar em um dedo e passar para outro por causa do descontrole do nível da diabetes. É possível ocorrer a perda de mais de um dedo ou até do pé todo, por exemplo.
Fonte: Repórter PB
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