28/07/2025 às 17:00
Um minuto pode ser decisivo para salvar uma vida e preservar sua qualidade. A doença é a principal causa de incapacidade no mundo e supera até o infarto como causa de morte no Brasil. O atendimento rápido e especializado é essencial para reduzir sequelas e salvar vidas. Por isso, o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, unidade do Governo da Paraíba em João Pessoa, adota um protocolo específico para a identificação precoce de vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), desde a porta de entrada da emergência até o acompanhamento pós alta hospitalar.
Referência no atendimento a esses casos, a unidade já realizou mais de 1.700 atendimentos relacionados à condição nos primeiros seis meses de 2025. De acordo com dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil, o país registrou, em média, uma morte por AVC a cada sete minutos neste ano.
Segundo o diretor clínico do hospital, Matheus Enomoto, estudos clínicos indicam que o atendimento rápido, estruturado e multiprofissional a pacientes com AVCI reduz significativamente a mortalidade e as sequelas decorrentes da condição.
“O protocolo de atendimento ao AVC representa um avanço fundamental para o Hospital de Trauma e para toda a população da Paraíba. Ao adotarmos práticas ágeis, estruturadas e baseadas em evidências, garantimos que cada paciente receba o cuidado adequado no momento certo, reduzindo drasticamente as sequelas e salvando vidas. Nosso compromisso é ser referência em qualidade, eficiência e humanização, oferecendo esperança e melhor qualidade de vida para quem mais precisa”, ressaltou.
Para o coordenador da Neurologia, Matheus Gurgel, cada segundo conta no atendimento à vítima de AVC. “Cada minuto sem irrigação sanguínea em alguma área do cérebro resulta na morte de cerca de dois milhões de neurônios. Por isso, o protocolo foi adotado com o objetivo de preservar a vida com o menor dano possível ao paciente. Se conseguirmos reduzir de 30 a 40 minutos o tempo de atendimento, o ganho em termos de prevenção de sequelas é muito significativo. Tempo é cérebro — quanto mais rápido o atendimento, menores as chances de danos permanentes”, destacou.
O cuidado com o paciente começa já na entrada da unidade. Assim que chega ao hospital, ele é classificado como risco vermelho pelo enfermeiro e recebe uma touca da mesma cor, sinalizando a todos os profissionais que se trata de um caso de AVC que exige atendimento rápido e prioritário. A partir daí, é iniciado o protocolo Angels, desde que o paciente esteja dentro da janela terapêutica — que é de até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Ainda na sala vermelha, o neurologista clínico realiza a avaliação e define a melhor conduta a ser adotada.
O tratamento pode ser feito com trombólise intravenosa — uso de um medicamento que dissolve o trombo (coágulo sanguíneo), restabelecendo a circulação —, realizada na própria unidade. Quando há indicação para trombectomia mecânica, um procedimento especializado feito por via endovascular, o paciente é transferido para o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, parceiro da unidade. Nesses casos, a janela terapêutica se estende por até 24 horas após o início dos sintomas.
De acordo com a coordenadora da Emergência, Monara Thomaz Leite, o protocolo tem se mostrado bastante efetivo na unidade. “No último mês, não perdemos nenhum paciente dentro da janela terapêutica. Pode parecer algo simples essa touquinha vermelha, mas é um protocolo que tem feito toda a diferença. Nosso objetivo é servir com excelência e continuar sendo o centro de referência na região”, salientou.
O Hospital de Trauma de João Pessoa não apenas previne e trata os casos de AVC, como também garante o acompanhamento após a alta hospitalar, por meio do Ambulatório de Traumatologia da Paraíba (ATP). Segundo o coordenador da Neurologia, Matheus Gurgel, esse acompanhamento é essencial para entender as causas do AVC e prevenir novos eventos. “No ATP, já iniciamos a investigação com exames como eletrocardiograma, laboratoriais e avaliação dos vasos cervicais. Acompanhamos o paciente mesmo após a alta, complementando a investigação clínica”, explicou.
Além do cuidado neurológico, os pacientes contam com uma equipe multidisciplinar composta por profissionais de enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e terapia ocupacional — todos atuando juntos para promover uma recuperação integral.
Esses cuidados e a agilidade no atendimento refletem diretamente no volume crescente de pacientes assistidos pela unidade, que demonstra a importância e o impacto do protocolo especializado. Em 2025 foram atendidas 1.732 vítimas de AVC, enquanto no mesmo período de 2024 foram registrados 1.709 atendimentos. O número representa um aumento de aproximadamente 1,35%, reforçando a crescente demanda por assistência neurológica especializada.
Dos 1.732 atendimentos por AVC registrados no primeiro semestre de 2025, a maioria das vítimas é do sexo masculino, com 911 casos, enquanto o sexo feminino corresponde a 801 ocorrências. A faixa etária mais acometida é a de idosos com 60 anos ou mais, que totalizam 1.188 atendimentos — o equivalente a cerca de 68,6% do total. Entre os adultos de 19 a 59 anos, foram registrados 540 casos. Já entre crianças e adolescentes, as ocorrências foram pontuais: duas na faixa de 0 a 12 anos e duas entre 13 e 18 anos. As idades com maior incidência foram 68, 71 e 74 anos, reforçando a relação direta entre o envelhecimento e o risco aumentado de AVC.
Principais sintomas do AVC:
- Fraqueza ou dormência: Um lado do corpo pode ficar fraco ou dormente, incluindo rosto, braço ou perna.
- Dificuldade para falar: A fala pode ficar arrastada, confusa ou a pessoa pode ter dificuldade em encontrar as palavras.
- Problemas de visão: Visão embaçada, dupla ou perda de visão em um ou ambos os olhos.
- Tontura e perda de equilíbrio: Dificuldade em manter o equilíbrio, tontura ou vertigem.
- Dor de cabeça intensa e repentina: Uma dor de cabeça súbita e severa, sem causa aparente.
- Confusão mental: Dificuldade em pensar com clareza ou confusão.
Também podem ocorrer náuseas e vômitos, perda de consciência, convulsões.
Fonte: Repórter PB
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