18/06/2025 às 14:00
A tarde dessa terça-feira (17) foi marcada por muita emoção no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade do Governo do Estado gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde). Aos 91 anos, o sanfoneiro Antônio Pereira da Silva, de Princesa Isabel, internado na enfermaria clínica e assistido pela equipe de cuidados paliativos, recebeu uma homenagem que atravessou o tempo e a memória: a filha, Maria Antônia, levou uma sanfona para tocar para ele.
Antônio, que sempre gostou de brincar com a própria história, dizia que “não tocava bem”, mas que os amigos e vizinhos garantiam o contrário. Sanfoneiro de pequenos forrós e encontros simples, ele deixou sua marca em quem o conheceu. Nos últimos dias, mesmo com o estado de saúde delicado, relembrou passagens da vida, contou suas histórias de músico e reforçou sua ligação com a sanfona.
Maria Antônia, inspirada pelo pai, começou recentemente a aprender o instrumento. “Quando ele teve alta da última vez, eu peguei a sanfona com ele e disse que quando voltasse às aulas ele também ia me ensinar. Ele começou a me ensinar, e mesmo eu sem saber direito, toquei um pouquinho. Ele me elogiou, disse que eu tinha jeito. Falei que ia acreditar, já que era ele quem estava dizendo”, relembrou a filha.
Antes da visita, Maria fez questão de limpar o instrumento, retirando adesivos antigos que o próprio Antônio havia colocado há mais de 15 anos. “Mesmo sem saber tocar direito, eu queria fazer essa ‘zoadinha’ para ele, pois pela situação que meu pai está, trazer a sanfona foi muito importante e ele gostou”, completou.
De acordo com a médica paliativista do Hospital Metropolitano, Ana Carla Porto, que acompanha o caso, cada gesto de afeto tem um impacto profundo no bem-estar do paciente e da família.
“O paciente está internado na enfermaria clínica, recebendo assistência em cuidados paliativos. Sua doença cardíaca severa o trouxe até o Hospital Metropolitano por meio do Coração Paraibano. Devido a idade avançada e a fragilidade de uma internação prévia já prolongada, o quadro clínico vem em evolução crítica. Mas o foco em cuidar é sempre o nosso objetivo. Ampliamos nosso cuidado para o conforto do paciente, com o controle de sintomas, estar ao lado da família, ofertar momentos de despedidas e valorizar sua biografia: um exímio sanfoneiro. Os cuidados paliativos visam amenizar o sofrimento, em qualquer dimensão. O cuidado da família e a homenagem da filha, ao trazer e tocar a sanfona, validam a importância da trajetória de seu Antônio”, salientou Ana Carla.
O momento foi apreciado pela esposa do paciente, as filhas, genro e neto, emocionando além da família, os colaboradores e o paciente e acompanhante que dividem a enfermaria. O som da sanfona foi muito mais do que só uma música, mas a representação de lembranças e amor.
Para a psicóloga da unidade hospitalar Vaneide Delmiro, momentos como esse têm um valor inestimável para o paciente e a família.
“A música, assim como outros gestos simbólicos, cria uma conexão que vai além da doença. Ela traz conforto emocional, resgata memórias afetivas, e quando a família participa de maneira tão significativa, como a Maria fez ao tocar a sanfona para o pai, estamos testemunhando um cuidado que vai além da medicina: é o cuidado com a história de vida, com os sentimentos e com aquilo que dá sentido até os últimos instantes”, ressaltou a psicóloga.
Comissão de Cuidados Paliativos - Tem como objetivo assegurar um atendimento humanizado e ético, buscando uma melhor qualidade de vida, não só do paciente mas também aos seus familiares, atendendo as necessidades físicas, emocionais, psicológicas, sociais e espirituais. A comissão é integrada por coordenadores e responsáveis técnicos da equipe multidisciplinar do hospital, que atuam nas áreas de: Odontologia, Serviço Social, Medicina, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia e Enfermagem.
Fonte: Repórter PB
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