
20/12/2025 às 13:29
Morreu neste sábado (20), aos 85 anos, o cantor Lindomar Castilho, figura marcante da música popular brasileira e conhecido nacionalmente como o Rei do Bolero. Ídolo de multidões nos anos 1970, ele construiu uma carreira de enorme sucesso comercial, mas teve sua trajetória definitivamente marcada por um dos casos de feminicídio mais emblemáticos do país.
A morte foi comunicada pela filha do artista, a coreógrafa Lili de Grammont, por meio das redes sociais. Ela não informou a causa nem o local do falecimento. Após deixar a prisão, na década de 1990, Lindomar viveu afastado dos holofotes, embora tenha retornado pontualmente aos estúdios nos anos 2000, quando gravou um álbum ao vivo.
Na despedida pública, Lili fez um relato duro e reflexivo sobre a história familiar e o crime que marcou sua infância. Filha de Lindomar com a cantora Eliane de Grammont, assassinada pelo artista em 1981, ela relembrou que tinha apenas dois anos quando perdeu a mãe. Em sua mensagem, afirmou que o pai “morreu em vida” no momento em que tirou a vida da ex-esposa, destacando os impactos profundos e permanentes do crime sobre toda a família.
Natural de Rio Verde, em Goiás, Lindomar nasceu em 1940 e iniciou a carreira fonográfica ainda no início dos anos 1960. O primeiro disco foi lançado em 1962, e o reconhecimento nacional veio com boleros e sambas-canção que dominaram as paradas de sucesso. Durante a década de 1970, figurou entre os maiores vendedores de discos do Brasil, com lançamentos inclusive no mercado internacional. Seu maior êxito, “Você é Doida Demais”, atravessou gerações e voltou a ganhar projeção ao ser utilizada como tema de abertura da série Os Normais, da TV Globo.
O relacionamento com Eliane de Grammont começou no ambiente profissional, na gravadora RCA, e resultou em casamento em 1979. A união, no entanto, durou pouco. O histórico de ciúmes, agressividade e alcoolismo levou ao fim do casamento no ano seguinte. Inconformado com o divórcio, Lindomar matou Eliane com cinco tiros pelas costas durante uma apresentação da cantora em uma casa de shows em São Paulo, em março de 1981. Ele foi preso em flagrante e condenado, por júri popular, a 12 anos de prisão.
A morte de Lindomar Castilho encerra a trajetória de um artista que viveu extremos: da consagração popular ao isolamento, deixando um legado musical amplamente conhecido, mas também uma história associada à violência que permanece como símbolo da luta contra o feminicídio no Brasil.
Fonte: Repórter PB
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