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Cantora

Censurar é absurdo, diz Daniela Mercury sobre peça com atriz trans; Confira

"Me choca profundamente que os políticos desse país censurem uma peça de teatro", disse a cantora

Da Redação Repórter PB

24/07/2018 às 13:56

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Após o Governo de Pernambuco cancelar a apresentação da peça "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", no Festival de Inverno de Garanhuns, a cantora Daniela Mercury reagiu, durante show no evento, neste fim de semana, ao que chamou de censura.

"Me choca profundamente que os políticos desse país censurem uma peça de teatro, que censurem uma exposição de arte de grandes artistas. É de uma petulância absurda."

Logo quando subiu ao palco, a baiana dedicou o show à atriz transexual Renata Carvalho, que interpreta Jesus no espetáculo. Daniela contou que, antes da apresentação, falou com ela pelo telefone. "Arte é para incomodar, é para fazer pensar, é para refletir, para libertar a cabeça de merda".

Em seguida, a cantora disse sentir vergonha pelos políticos e afirmou ser absurdo censurar uma peça por convicções religiosas. "Então não me venham agora com ignorância querer conceituar o que é arte e o que não é. É ignorância absurda. O ministro [do STF aposentado] Carlos Ayres Brito disse que a gente estava na idade da mídia, mas parece que estamos na Idade Média. Censurar uma peça de teatro por convicções religiosas é um absurdo. Isso não pode ser permitido. A nossa Constituição não deixa isso. A nossa Constituição não é a bíblia", desabafou.

Antes de tocar um trecho da música "Bichos Escrotos", do Titãs, Daniela ressaltou que era uma desumanidade retirar o espetáculo da programação oficial. "Ela [Renata] é Jesus Cristo, sim. Eu estou aqui. Eu sou gay. Eu sou lésbica e daí?", questionou.

Na sequência, a cantora tocou "Tempo Perdido", de Renato Russo. "Meu amigo Renato Russo era gay, muito bicha, muito veado sim."

Após pressão do prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), e do bispo dom Paulo Jacson Nóbrega, o governo de Pernambuco resolveu cancelar a apresentação alegando não querer estimular a cultura do ódio e do preconceito.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), a Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) afirmaram que não censuraram a apresentação.

"Tampouco, a não inclusão da peça na programação oficial se deu por preconceito ou discriminação da parte do Governo, mas tão somente para garantir a realização do FIG e o próprio espaço que o festival fomenta de luta pela liberdade."

Na peça, a história de Jesus é recriada como uma transexual. O espetáculo vai ocorrer durante esta semana de forma independente. "Todos os ingressos já estão esgotados. Ainda não divulgamos o local e o horário por questões de segurança. Recebi ameaças e tudo já foi devidamente denunciado à Polícia Civil", diz Francisco Ludemir, um dos articuladores da apresentação. Com informações da Folhapress.

Fonte: Repórter PB

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