21/10/2025 às 17:28
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou que a prevenção da gravidez na adolescência no Brasil precisa do apoio de líderes religiosos para ser realmente eficaz. O titular da pasta falou sobre o assunto nesta terça-feira (21), em Brasília, durante o evento Futuro Sustentável – Prevenção da Gravidez na Adolescência na América Latina e Caribe. O encontro reúne delegações de diferentes países da região, organismos internacionais e especialistas.
"Não tem como enfrentar a gravidez na adolescência no Brasil se a gente não conseguir entrar nas igrejas, sobretudo aquelas que tentam esconder o protagonismo, o papel e a importância das mulheres. Não tem como enfrentar e fortalecer esse tema sem promover um profundo diálogo com essas lideranças religiosas que estão nos nossos territórios. Os principais espaços de convivência, e às vezes de acolhimento, das comunidades onde estão as populações mais vulneráveis são nos espaços das igrejas”, destacou o ministro.
De acordo com estudo da agência das Nações Unidas para a saúde sexual e reprodutiva, a cada 20 segundos, uma adolescente se torna mãe em países da América Latina e Caribe. São cerca de 1,6 milhão de nascimentos por ano. As taxas de gravidez na adolescência chegaram a 51 nascimentos a cada mil meninas de 15 a 19 anos em 2023. O estudo aponta que o impacto econômico é estimado em mais de US$ 15 bilhões por ano, o equivalente a 1% do PIB regional.
Nesta terça-feira, os grupos de trabalho discutiram ações de prevenção da gravidez na adolescência no curto prazo. Entre as recomendações, estão: combate à violência sexual, prevenção de abortos inseguros, aumentar o acesso das meninas a anticoncepcionais e a consultas ginecológicas, além de acesso a uma educação de qualidade.
O representante da Opas no Brasil, Cristian Morales, avalia que a prevenção da gravidez na adolescência também passa por um trabalho conjunto entre a atenção primária da saúde, a comunidade e os adolescentes:
"Tornar os serviços de saúde, especialmente esse primeiro nível de atenção, que sejam mais acolhedores, confidenciais, acessíveis, com profissionais capacitados, espaços amigáveis e participação ativa dos próprios adolescentes e da comunidade. Oferecer aos meninos e às meninas espaços para o diálogo, para a escuta, para a educação em sexualidade e em todos os temas do desenvolvimento, fortalecendo vínculos que vão, finalmente, também nos ajudar a prevenir a violência.”
O Brasil registrou uma redução de quase 18% na taxa de fecundidade entre menores de 20 anos entre 2020 e 2023. Porém, essa redução se mostra desigual, pois adolescentes negras, indígenas, de áreas rurais e com baixa escolaridade têm quatro vezes mais probabilidade de engravidar. Apesar dos números em queda, a região da América Latina e Caribe ainda apresenta a segunda taxa de fecundidade para adolescentes mais alta do mundo, atrás apenas da África Subsaariana.
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