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Brasileira presa no Camboja é vítima de tráfico humano e adoeceu na prisão, diz mãe: 'Só quero que ela volte viva'

G1 PB

18/10/2025 às 01:00

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Brasileira presa no Camboja é vítima de tráfico humano, adoeceu na prisão e família perdeu R$ 27 mil em golpeArquivo PessoalA brasileira Daniela Marys de Oliveira, de 35 anos, está presa no Camboja, país no Sudoeste Asiático, após ter sido vítima de tráfico humano, segundo denúncia de sua mãe, Myriam Marys, que mora em João Pessoa. Conforme o relato, Daniela viajou ao país após aceitar uma proposta de trabalho em telemarketing, mas acabou sendo enganada. De acordo com a mãe, a mulher está detida há sete meses, acusada injustamente de tráfico de drogas. Durante esse período, adoeceu na prisão e, além disso, a família foi vítima de um golpe financeiro aplicado por receptadores que se aproveitaram da situação. (leia mais abaixo)Atualmente presa em uma penitenciária, Daniela não tem contato com a mãe desde o início do mês e vai ser julgada por tráfico de drogas no dia 23 de outubro. A família tenta correr contra o tempo para organizar advogados que representem a filha no julgamento e também tenta retorno do Itamaraty que, conforme o relato, não responde contatos desde o dia 6 de outubro. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PB no WhatsAppO sonho do emprego que virou pesadelo Natural de Minas Gerais, a família de Daniela veio para a Paraíba antes da filha. Somente em novembro de 2024 que Daniela, arquiteta formada, em busca de emprego, chegou a João Pessoa, para passar um período com a mãe. Myriam contou ao g1 que nesse período a filha enviou várias vezes currículos em vagas na internet e encontrou uma vaga que particularmente chamou atenção.Era uma vaga temporária para trabalhar como telemarketing no Camboja. O período do trabalho poderia se estender até um ano. Daniela ficou muito interessada porque não conseguiu outras vagas entre o mês que chegou à Paraíba em janeiro de 2025. Por isso, aceitou a oferta, embarcando para a Ásia no fim de janeiro.A mãe foi contra a ida desde o início, mas apoiou mesmo assim, devido a um combinado que fez com a filha de sempre manter a comunicação com ela por um aplicativo de mensagens e o envio regular de vídeos e fotos do local. Logo nos primeiros dias no Camboja, no entanto, Myriam já desconfiou, graças a essas imagens. “Eu achei tudo estranho desde o começo. O lugar era isolado, cheio de beliches, e disseram que esperavam mais pessoas para começar o trabalho”, relatou Myriam.Em fevereiro, a mãe e a filha mantiveram o pacto de envio de mensagens constantes e imagens, o que até aliviou um pouco a sensação de desconfiança. Mas, no começo de março, as coisas começaram a mudar de vez. “Recebi uma mensagem dizendo: ‘Oi, mãe, estou muito triste’. Não era ela. Daniela sempre me chama de ‘mamãe’. Foi aí que desconfiei”, lembrou Myriam.A mulher conta que os supostos golpistas assumiram o controle do celular e do notebook de Daniela, enviando mensagens para ela e para a outra filha, Lorena, pedindo dinheiro sob o pretexto de uma rescisão contratual no trabalho como telemarketing. “Disseram que ela tinha sido demitida e precisava pagar uma multa de US$ 4 mil. Nós acreditamos, achando que era verdade, e acabamos transferindo o dinheiro. Foram R$ 27 mil no total”, afirmou.Daniela foi para o Camboja com intuito de trabalhar com telemarketingArquivo PessoalA prisão injusta por tráfico de drogas e o adoecimento na penitenciáriaDe acordo com a mãe, pouco depois de enviar o dinheiro para os supostos golpistas, recebeu uma ligação da filha, que desde a transferência do montante não havia entrado em contato mais. Ela conta que a própria Daniela relatou ter sido detida injustamente por tráfico de drogas no Camboja. “Ela me ligou do telefone de um policial dizendo que estava presa. Disseram que encontraram três cápsulas de droga no banheiro e a acusaram de tráfico. Ela implorou para fazer um teste toxicológico, mas nunca deixaram”, contou.A mãe explicou que Daniela havia dito que essas cápsulas de droga foram colocadas no banheiro do local onde a mulher morava porque ela havia recusado participar de um esquema de golpes na internet. Desde então, Daniela permanece presa em "uma cela superlotada", com cerca de 90 mulheres, e já adoeceu, conforme a mãe. “O médico da prisão disse que ela precisava de exames fora, mas demoraram quase 20 dias para levá-la. A embaixada não faz nada. Dizem que o governo do Camboja não permite contato”, relatou Myriam.A mãe afirma que tem tentado contato com o Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores, mas recebe apenas "respostas protocolares". “Mandei e-mails, documentos, tudo. A resposta é sempre a mesma: ‘Estamos acompanhando o caso’. Mas ninguém faz nada”, desabafou.Myriam fez um apelo para que as autoridades brasileiras se mobilizem e deem um retorno quanto ao processo de defesa dela no Camboja, porque, inclusive, a família encontra dificuldades de organização e financeiras para advogados representarem a filha no julgamento marcado para o dia 23 de outubro. “Minha filha é arquiteta, estudou, fala inglês fluentemente. Não é uma pessoa sem instrução. Foi enganada e usada por criminosos. Eu só quero que ela volte viva para o Brasil”, disse.Segundo a mãe, a história da filha deve servir de alerta. “Espero que essa repercussão ajude outras famílias. Que os jovens pensem bem antes de aceitar propostas de trabalho fora do país. Que arrumem emprego aqui, onde é mais seguro”, concluiu.O caso de Daniela ganhou repercussão após o programa Profissão Repórter falar com Myriam e outras vítimas de tráfico de pessoas, saídas do Brasil com intuito de trabalhar em Camboja. O que diz o ItamaratyTráfico Humano - Edição de 07/10/2025Em nota, o Itamaraty disse que "tem conhecimento" do caso. No entanto, não deu detalhes do que está sendo adotado como providência para ajudar Daniela no Camboja. "A Embaixada vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível à nacional brasileira, em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas", diz a nota.De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, em 2024 foi prestada assistência a 63 brasileiros em situação de tráfico de pessoas, dos quais 41 no Sudeste Asiático.Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba

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