10/06/2025 às 16:23
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, nesta terça-feira (10), o julgamento dos acusados de tentativa de golpe de Estado.
O primeiro interrogatório do dia foi do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos. Em resposta ao ministro Alexandre de Moraes, ele confirmou a reunião com o ex-presidente e outros comandantes das Forças Armadas, mas negou ter visto uma minuta de golpe.
“Eu não vi minuta, ministro. Eu vi uma apresentação na tela de um computador. Havia um telão onde algumas informações eram apresentadas na tela. Quando o senhor fala minuta, eu penso em papel, em um documento que lhe é entregue. Eu não recebi esse tipo de documento”.
Segundo o ex-comandante da Marinha, não foi discutido estado de sítio ou de defesa. Garnier também disse que não colocou a tropa à disposição do ex-presidente para um suposto plano de golpe.
“Não houve deliberações, nem o presidente não abriu a palavra para nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que pareciam para mim mais preocupações e análise de possibilidades do que propriamente uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção”.
Após o almirante, foi a vez do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ele confirmou no tribunal que nunca foi comprovada qualquer fraude em urnas eletrônicas.
“Tecnicamente falando, não temos nada que aponte fraude nas urnas eleitorais. Nunca chegou essa notícia até mim. E eu passava isso quando era questionado pelo presidente ou por qualquer autoridade. Eu sempre passei isso. Que nós não tínhamos, tecnicamente, nada a dizer sobre as urnas eletrônicas. O material que eu tive acesso, eram sugestões de melhorias às urnas eletrônicas”.
Sobre a operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições de 2022, em cidades onde a maioria do eleitorado poderia ser a favor do candidato Lula, Anderson Torres disse que não pediu o levantamento. O documento foi feito pela ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília de Alencar.
“Após o primeiro turno das eleições, doutora Marília produziu alguns BIs que traziam uma métrica: aqueles que fizeram mais de 75% dos votos em algum estado brasileiro, versus o partido político do prefeito, como se isso fosse um indício de crime eleitoral, uma eventual compra de votos, enfim, alguma coisa nesse sentido. Ela trouxe, fez uma apresentação sobre isso, mas foi uma métrica que foi de plano ali descartada, porque eu não entendi que isso seria um indício de crimes eleitorais”.
Com relação ao 8 de janeiro de 2023, Torres disse que deixou um protocolo de ações definido e assinado antes de viajar para os Estados Unidos. Segundo Torres, se o plano tivesse sido seguido à risca, as invasões não teriam acontecido.
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O último a depor pela manhã foi o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, que respondeu apenas às perguntas da defesa. Heleno rejeitou todas as acusações.
Em alguns momentos, o general fugiu do script e o advogado teve que chamar a atenção dele, o que gerou algumas risadas no tribunal.
Augusto Heleno, Anderson Torres e Almir Garnier, junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto fazem parte do núcleo 1 do suposto esquema de golpe de Estado.
Os interrogatórios devem terminar ainda nesta semana.
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