12/07/2025 às 11:15
O país enfrenta o pior momento de inadimplência dos consumidores. Além das questões socioeconômicas e de juros elevados, um grande desafio diz respeito ao controle do orçamento das famílias. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, aponta que 54% dos consumidores entrevistados não fazem controle dos gastos mensais com cartão de crédito.
Entre os que realizam o controle (46%), os principais mecanismos utilizados são o caderno/agenda (23%) e a planilha em computador (16%).
De acordo com o levantamento, 82% dos consumidores que utilizam o rotativo do cartão de crédito, também não sabem a taxa de juros mensal cobrada. Entre os que conhecem, a média estimada declarada é de 12%.
Já 74% dos consumidores analisaram as tarifas e/ou os juros cobrados ao adquirir o cartão de crédito, sendo que 51% verificaram as tarifas cobradas e 36% os juros cobrados por atraso no pagamento ou uso do rotativo.
Mas 19% não fizeram este tipo de análise.
Considerando os últimos 12 meses da data de realização da pesquisa, o cartão de crédito foi utilizado por 74% dos entrevistados, sendo o seu uso frequente (todos os meses) para 68% dos consumidores, e 22% utilizaram a cada 2 ou 3 meses.
“O crédito é um importante aliado do consumidor na hora de adquirir um produto ou bem, mas deve ser utilizado com muita cautela e organização financeira. Se utilizado de forma imprudente, pode se tornar um grande problema nas finanças, levando o consumidor ao superendividamento e à inadimplência”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Roupas, calçados, acessórios e supermercados são os produtos mais comprados com cartão de crédito
Os produtos e serviços mais comprados pelo cartão de crédito são roupas calçados e acessórios (51%), supermercado (44%), eletrônicos (41%), remédios (38%) e eletrodomésticos (37%).
De acordo com os consumidores entrevistados, 50% utilizam o cartão para compras na internet, 41% quando o valor da compra é alto e 38% quando não tem dinheiro para pagar à vista e precisa parcelar a compra.
Entre as razões para não usar o cartão de crédito, 27% preferiram pagar as compras à vista para ganhar descontos, 25% preferem pagar suas compras à vista, mesmo não tendo desconto, 19% por causa das taxas e tarifas altas e 18% porque perde o controle e compra por impulso.
Considerando as principais vantagens em pagar as compras com o cartão, 52% acreditam que é poder parcelar o valor das compras, 34% fazer compras online, 33% poder comprar mesmo sem dinheiro disponível e 30% ter prazo para pagar.
Maioria dos cartões de crédito foram emitidos por bancos digitais. 28% admitem já ter sido negativados por falta de pagamento da fatura.
A maioria dos consumidores admite que solicitou aos bancos/instituições/lojas o cartão de crédito (49%). Enquanto 32% receberam uma oferta e aceitaram.
De acordo com os entrevistados, a maioria dos cartões foram emitidos por bancos digitais (71%) e bancos tradicionais (57%). E os motivos para a contratação são a facilidade de resolver tudo pela internet, sem burocracia de atendimento presencial (50%), aprovação do crédito mais rápida e menos burocrática (43%) e economizar no pagamento de taxas, juros e anuidade (36%).
A pesquisa apontou que 82% possuem cartões de crédito, com média de 2 cartões por pessoa. Os principais motivos para se ter mais de um cartão são: ter um valor maior de crédito disponível (44%), não pagar anuidade (42%) e conseguir melhores prazos de acordo com a data de fechamento da fatura (34%).
“O consumidor precisa ficar atento a todas as taxas e juros envolvidos na contratação do crédito. Além disso, o crédito mais fácil de acessar é normalmente aquele com taxas mais altas. Por isso, o consumidor deve avaliar muito bem antes de usar um cartão ou buscar um empréstimo”, afirma Costa.
Em relação ao pagamento das faturas, 55% afirmaram que nunca pagaram o mínimo da fatura do seu cartão de crédito, 27% já pagaram, mas não pagam dessa forma há pelo menos 12 meses e 14% costumam pagar o mínimo quando necessário.
Em relação ao pagamento, 13% dos entrevistados estão com ao menos uma fatura de cartão de crédito em atraso, sendo a média de 1,7 faturas vencidas. Em média, a quantidade de faturas em atraso é de 1,7. Já 81% não possuem nenhuma pendência.
Entre os 51% que possuem compra(s) em aberto na fatura, a média de parcelas a pagar nos próximos meses é de 5,3. Além disso, 28% dos entrevistados admitiram já ter sido negativados por falta de pagamento da fatura nos últimos 12 meses da realização da pesquisa, sendo que 16% já regularizaram a situação e 13% ainda permanecem com o nome sujo.
23% contrataram empréstimo pessoal nos últimos 12 meses e 17% usaram o limite do cheque especial.
A pesquisa também analisou a contratação de empréstimos:23% dos entrevistados recorreram ao empréstimo pessoal e 14% consignado em bancos e/ou financeiras nos últimos 12 meses da realização da pesquisa. A pesquisa apontou ainda que 45% dos empréstimos foram feitos em bancos digitais e 43% nos bancos tradicionais, seguido do cartão de crédito (17%).
De acordo com os entrevistados, 76% verificaram a real possibilidade de pagamento das prestações ao longo do período antes de fazer o empréstimo.
A respeito dos motivos que levaram a contratação dos empréstimos, 25% para pagar outras dívidas, como empréstimos, cartão de crédito ou prestações de compras, 18% contas de consumo do dia a dia como água, luz, telefone etc., 15% para pagar exames, remédios ou consultas médicas e 15% na reforma de casa/apartamento.
A boa notícia é que 76% afirmam não possuir parcelas de empréstimo em atraso. Entretanto, 16% admitem inadimplência no pagamento sendo a média de cerca de 4 parcelas em atraso. Em relação à busca por crédito, 27% tentaram contratar algum tipo de empréstimo nos últimos 3 meses; sendo que 16% conseguiram (sobretudo os mais velhos) e 11% não obtiveram aprovação.
O nome sujo é o principal motivo para a recusa de crédito por instituições financeiras (48%), seguido de o valor do empréstimo solicitado ser maior do que a renda permite (13%) e falta de garantia para os credores (12%).
Nos últimos 12 meses, 17% dos entrevistados utilizaram o limite do cheque especial do banco ou instituição financeira, sendo que 31% usaram todos os meses, 32% a cada 2 ou 3 meses e 30% usaram cerca de 3 vezes no ano ou menos.
76% receberam o cheque especial de forma deliberada, sendo que 47% receberam uma oferta e aceitaram e 28% receberam sem que fosse solicitado. Por outro lado, 14% fizeram uma solicitação.
Os principais motivos que levaram a utilizar o cheque especial foram: o pagamento de contas que estavam com o prazo a vencer (30%), imprevistos com doenças (27%), compra de algo que queria e não tinha o dinheiro disponível no momento (21%) e compra de mantimentos para a casa (19%).
METODOLOGIA
Público-alvo: população internauta residente nas capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos
Método de coleta: pesquisa realizada via web.
Tamanho amostral: 643 casos e pós ponderada considerando as capitais do país e perfil. Margem de erro no geral de 3,86 p.p. para um intervalo de confiança a 95%.
Data de coleta: a coleta foi realizada entre os dias 02 e 10 de janeiro de 2025
Fonte: Marina Barbosa
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