06/06/2025 às 09:15
Diante da sequência de pesquisas que apontam crescente desaprovação da gestão federal, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificam os esforços para virar o jogo. O diagnóstico no Palácio do Planalto é claro: não basta governar bem, é preciso comunicar melhor.
A mais recente sondagem da Genial/Quaest, divulgada nesta semana, consolidou um dado preocupante para o governo: 57% dos brasileiros desaprovam a condução atual do país, o maior índice desde o início do mandato. Embora a oscilação em relação à pesquisa anterior tenha sido discreta (1 ponto), a curva de insatisfação ganhou corpo e virou alerta interno.
Outros levantamentos, como o da AtlasIntel e o do Paraná Pesquisas, também apontaram números semelhantes, desenhando um ambiente de desgaste progressivo para o Planalto — especialmente entre a classe média, beneficiários de programas sociais e setores religiosos, onde o governo enfrenta desafios de narrativa.
O plano para reverter o desgaste
Auxiliares próximos de Lula admitem, sob reserva, que a resposta passa por três frentes: mostrar mais o presidente em campo, traduzir os resultados econômicos em ganhos reais percebidos pelo cidadão, e entregar medidas práticas que dialoguem diretamente com o cotidiano da população.
Na lista de apostas estão:
- Reforço da presença pública de Lula, com mais agendas, entrevistas e discursos voltados a públicos estratégicos;
- Nova linha de crédito para reforma de casas, mirando trabalhadores urbanos;
- Divulgação de indicadores positivos, como a queda do IPCA-15 em maio, puxada por recuos expressivos nos preços do tomate e do arroz;
- E o saldo positivo na geração de empregos, com mais de 654 mil novas carteiras assinadas no 1º trimestre, conforme dados do Caged.
Ruídos e desafios no caminho
Apesar das boas notícias pontuais, o governo ainda lida com feridas recentes, como a crise do INSS envolvendo descontos indevidos em benefícios e a reação negativa do Congresso à proposta de aumento do IOF. A proposta foi retirada, mas o ruído político permanece — e sem uma alternativa clara de compensação fiscal, o desgaste persiste.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem se esforçado para oferecer explicações técnicas que tragam algum alento. Para ele, a combinação de safra recorde e dólar em queda deve ajudar a conter a inflação, reaquecer a confiança e, eventualmente, reverter a tendência negativa nas pesquisas.
Cenário político em transição
Além dos números, o maior risco para o Planalto está na percepção pública de estagnação. A última pesquisa da Quaest mostra que 48% dos entrevistados acreditam que a economia piorou no último ano, contra apenas 18% que veem melhora. A diferença entre o que o governo anuncia e o que o cidadão sente ainda é o principal gargalo de popularidade.
Para aliados, Lula precisa retomar o protagonismo político e narrativo se quiser evitar o avanço da oposição, que já começa a testar cenários para 2026. E o alerta é real: a pesquisa mostrou empate técnico entre Lula e Bolsonaro em um eventual segundo turno, o que reacende o clima de polarização.
Fonte: Repórter PB
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