
26/12/2025 às 09:16
Eventos de confraternização, amigo secreto, ceias em família, viagens entre amigos... as festas de final de ano promovem uma verdadeira maratona de celebrações e eventos sociais, o que pode ser uma missão difícil para aqueles que estão passando por um processo de luto.

Estar em família, mesmo após perder um ente querido, falar sobre sentimentos quando ainda nem consegue nomeá-los, fazer votos para um novo ano que chega, são tarefas desafiadoras para quem está passando por uma perda, o que em qualquer período do ano já é difícil.
A psicóloga clínica Carmen Clímaco conta que o luto atravessa o cotidiano silenciosamente e se apresenta de forma inesperada:
"Um aniversário, ao ouvir uma música, ao revisitar um lugar, ao ver uma foto antiga ou até mesmo uma conquista que tenhamos na vida e queríamos compartilhar com alguém que já não está aqui. Ele não tem uma data marcada. Ele vai se manifestar quando a memória encontrar o afeto e o afeto vai esbarrar na ausência. Cada pessoa vai viver o luto de uma maneira muito singular. Não existe um caminho certo, um tempo determinado para superar. Pode ser acompanhado de altos e baixos. Tem dias que vamos ter saudade intensa, tem dias que vão ser mais leves, tem dias de estranhamento quando tudo parece voltar ao normal e tem aquela sensação de que falta alguma coisa. Então, falar sobre luto durante todo o ano é fundamental", diz.
Para ela, é importante, antes de tudo, procurar apoio.
"Cada um vai buscar a sua forma de apoio: com familiares, com amigos, profissionais da saúde mental, pessoas que possam trazer acolhimento e segurança para atravessar esse momento que não é fácil. O luto, ele não é sobre esquecer quem se foi, mas ele é sobre aprender a continuar", conta.
A artista, educadora e escritora baiana Paula Brito é autora do livro infantil "Será que as mães viram estrelas?", falando para crianças sobre a perda de alguém que se ama. Ela defende que, mesmo se tratando de um assunto sensível, é preciso falar sobre isso com as crianças, pois desmistificando o tema, é possível fazer com que os pequenos entendam que a morte faz parte da vida:
"Com a chegada do final do ano, as festas e o Natal, o desafio se torna ainda maior, especialmente para as crianças que estão em processo de luto. A chave para atravessar esse período é permitir que a dor e a alegria coexistam. Em um momento tão delicado, o que devemos fazer é acolher a criança, entender a sua dor e ajudá-la a lidar com a ausência física, compreendendo que com o tempo, com o nosso apoio e, se necessário, com a orientação de um profissional de saúde, tudo se ajusta. Embora a tristeza gere o impulso de isolamento, o processamento do luto é feito de forma mais saudável na companhia de quem está passando pela mesma situação. Para as crianças, a rotina e os rituais positivos da família trazem segurança em momentos de instabilidade emocional. Converse com elas sobre a pessoa que partiu, pois é fundamental falar abertamente sobre o luto e honrar quem se foi. Nem todos conseguirão manter o mesmo ritmo de participação ou alegria. Por isso, crie estratégias para que cada um possa respeitar seu próprio tempo e seu próprio luto", explica.
O Centro de Valorização da Vida (CVV), entre outras atribuições, oferece apoio emocional. Caso tenha vontade de conversar com alguém, o CVV funciona 24 horas, gratuitamente, pelo número 188.
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