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Pesquisadores investigam imobilidade tônica em vítimas de trauma

Rádio Agência

08/12/2025 às 09:46

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Pesquisadores buscam respostas para um fenômeno biológico que atinge pessoas diante de eventos traumáticos, especialmente estupro. Trata-se da imobilidade tônica, onde a vítima desenvolve uma reação defensiva involuntária à percepção de morte iminente, com uma profunda inibição motora e analgesia sem perda de consciência.

Os estudos realizados nas universidades federais Fluminense (UFF) e do Rio de Janeiro (UFRJ) tentam entender essa imobilidade já apontada em diversas espécies não humanas, desencadeada em situações de caça, por exemplo. Ela tende a aumentar as chances de sobrevivência, pois o predador pode desistir da presa inerte. Mirtis Pereira, pesquisadora da UFF e uma das cientistas envolvidas nesse projeto, dá mais detalhes sobre a imobilidade tônica.

"A imobilidade tônica é uma resposta reflexa involuntária descrita há décadas em diversas espécies de animais. Ela ocorre quando o nosso corpo percebe uma ameaça extrema, que é considerada inevitável, com risco de morte, sem nenhuma possibilidade de escape. Nesses casos, o nosso corpo entra abruptamente em um estado de paralisia motora súbita, onde a nossa consciência fica preservada, mas com total incapacidade de produzir qualquer movimento."

A especialista também explica a reação em pessoas submetidas a essa incapacidade.

"Elas descrevem uma sensação de estar completamente conscientes, mas sentindo um medo extremo. Elas têm vontade de reagir, mas o corpo está completamente paralisado, elas são incapazes de gritar, não conseguem correr, nem pedir ajuda. E um dos maiores problemas é que a própria vítima, por não conhecer essa resposta e a natureza automática e involuntária da imobilidade tônica, ela não entende o que aconteceu com o corpo dela naquele momento. E isso, muitas vezes, vai gerar sentimentos intensos de culpa, vergonha.

Risco de transtornos mentais

Ainda de acordo com Mirtis, esses sentimentos podem agravar o sofrimento emocional das vítimas, tornando-as mais vulneráveis para o desenvolvimento de transtornos mentais, especialmente estresse pós-traumático, no qual a pessoa fica continuamente revendo a situação de violência.

Outro aspecto importante da imobilidade tônica se refere às implicações legais e jurídicas diante do desconhecimento dessa reação, tanto por profissionais de saúde, da polícia e da área jurídica, que muitas vezes consideram que houve consentimento da vítima devido à falta de reação.

O grupo de pesquisa é um dos poucos do mundo a estudar o assunto e conta com profissionais do laboratório de neurofisiologia do comportamento da Universidade Federal Fluminense, dos laboratórios de pesquisas sobre o estresse e de neurobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem ainda apoio do estado por meio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa.

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