
26/10/2025 às 12:40
Movimentos com consciência, contato com o outro, afeto, flexibilidade, sintonia entre corpo e mente. 60 detentas da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, estão vivenciando uma experiência diferente de integração e conexão. Elas participam do projeto "Corpo Consciente, Escuta de Si", que oferece, uma vez por semana, oficinas voltadas para o bem-estar das internas.

Uma das idealizadoras da iniciativa é a psicóloga e psicodramatista Clara Costa. Para ela, a ideia é oferecer um espaço de cuidado e escuta dentro de um ambiente marcado pela rigidez:
"Nossa chave mestra é a respiração. Então, esse encontro da atenção com a respiração, atividades de atenção plena, que elas mesmas podem se regular em caso de uma crise de ansiedade, em caso de insônia, coisas que elas possam replicar nas suas próprias celas, que elas possam fazer sozinhas, que elas possam fazer no encontro com outra colega aqui", conta.
Para a diretora da penitenciária, Camila Mendonça, o curso vem suprir lacunas que o Estado nem sempre consegue oferecer:
"A lei, ela prevê questões muito básicas que é alimentação, vestuário, educação, saúde, só que só isso, a gente percebe que não resgata pessoas. Então a gente traz essas outras oportunidades, por quê? Você tem através disso, a questão da autoestima sendo recuperada, a identidade como pessoa sendo recuperada, porque ela começa a se ver como uma pessoa de novo", diz.
Uma experiência que marca cada uma das detentas de maneira diferente. Para algumas, por meio da música, para outras, pela dança, em um processo de autoconhecimento que começa aqui e irá reverberar lá fora, como elas mesmas contam.
"No dia a dia, a gente passa por algumas coisas que, querendo ou não, muda o nosso humor. E eu aprendi e eu uso isso na cela também, no cotidiano. Eu uso todas as vezes que eu vejo que eu estou em crise, eu já tento respirar, já tento olhar para dentro, e entender o que está acontecendo fora", diz uma detenta. "Tudo que eu vou fazer agora, eu penso antes, né? Porque posso estar fazendo mal para mim mesma. Foi isso que elas passaram para mim, é, trabalhos de ficar me autoconhecendo, né? Quando a gente vê uma pessoa lá de fora, é, atravessando essas barreiras pela gente, a gente valoriza demais", conta outra.
A psicóloga da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, Aline Xavier, reforça os benefícios das oficinas: "Me emociona muito ver essas mulheres terem aqui dentro um pequeno espaço, uma pequena gota de liberdade", fala.
Além de promoverem bem-estar físico e emocional às detentas, as atividades do projeto também contribuem para a redução das penas. A iniciativa tem a participação do FAC, Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
3:06Continuar lendo ...Para ler no celular, basta apontar a câmera