11/06/2025 às 19:21
O casamento religioso, para muitas pessoas privadas de liberdade, representa mais do que uma cerimônia espiritual - é um símbolo de esperança, dignidade e recomeço. Mesmo em meio às limitações físicas e à dura realidade do cárcere, a fé continua sendo uma força vital que sustenta sonhos, fortalece laços e permite que o amor floresça em circunstâncias adversas. Foi com esse espírito que 28 homens que cumprem pena na Penitenciária Sílvio Porto, em João Pessoa, participaram de uma missa de batismo, eucaristia e crisma, que serve de preparação para o matrimônio.
A missa foi realizada na manhã desta quarta-feira (11) e celebrada pelo arcebispo de Paraíba Dom Manoel Delson. A iniciativa partiu de uma parceria entre a Vara de Execuções Penais (VEP) da Capital e a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária.
“Deus é Pai de todos, mesmo daqueles que estão privados da liberdade, cumprindo pena. O reforço espiritual ajuda a superar esses momentos tão difíceis e fortalece homens e mulheres a reconstruírem suas vidas. A palavra de Deus, quando semeada, dá uma amplitude interna à alma e ao coração. É muito importante que a igreja esteja presente, com os sacramentos, nesses ambientes prisionais, com a palavra de Deus, para ajudar as pessoas a enfrentar o desafio de cumprir pena”, comentou Dom Delson, que esteve acompanhado dos padres Cláudio Amorim, Manoel Neto, Luís Carlos e Valdezio Nascimento, além dos diáconos Marinaldo Barbosa e Cristiano Amarantes.
Para a juíza auxiliar da VEP de João Pessoa, Andrea Arcoverde, a realização da missa de batismo, eucaristia e crisma envolve um forte processo de ressocialização. “O casamento religioso pode ser um instrumento de fortalecimento familiar. Em muitos casos, ele contribui para a reconstrução de vínculos com os filhos, com o cônjuge e com a própria comunidade. A bênção religiosa também funciona como um apoio emocional para ambos os parceiros, especialmente diante dos desafios que a prisão impõe”, avaliou a magistrada.
Quem também participou da celebração foi a coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça da Paraíba, juíza Graziela Queiroga. Ela disse que o trabalho de Execução Penal tem relação com a violência doméstica e que essas duas áreas devem trabalhar juntas. “A Coordenadoria da Mulher sempre apoia ações como essas, em especial porque nós temos uma interlocução muito íntima, muito forte e pretendemos em breve iniciarmos dois projetos nas unidades prisionais de João Pessoa, para trabalharmos homens que tenham cometido o crime de violência doméstica”, disse a magistrada.
Já o secretário da Administração Penitenciária (Seap), João Alves, destacou que a parceria com a Vara de Execução Penal está consolidada há muito tempo. “Temos um trabalho forte de ressocialização. A juíza Arcoverde organizou e catalogou as pessoas privadas de liberdade que têm companheiras, mas não são casadas na Igreja, mas manifestaram esse desejo de casar no religioso. Este será o terceiro casamento coletivo que organizamos no sistema prisional, nos últimos três anos”, informou o secretário. Ele revelou que, atualmente, 2.458 pessoas cumprem pena na Penitenciária Sílvio Porto.
Futura noiva – Priscila é uma das futuras noivas e estava muito empolgada com a ideia de entrar na igreja de véu e grinalda. Ela tem 31 anos, tem dois filhos e trabalha produzindo peças em resina, como chaveiro e porta-retrato. “Sinto que meu companheiro é outra pessoa. Está mais ligado à religião e seu comportamento melhorou muito. Para mim, é um sonho. Nós já estamos juntos há 13 anos e sempre quisemos casar no religioso e, agora, decidimos oficializar. Tenho certeza que tudo vai dar certo”, comemora Priscila, acompanhada das demais noivas, todas muito bem arrumadas e com esperança de um futuro melhor.
Fonte: Tribunal de Justiça da Paraíba
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