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Dados

Mortes no trânsito superam número de mortos em assassinatos na Paraíba em 2019

Cruzamentos entre dados do Seguro DPVat e do Governo da Paraíba apontam que trânsito matou, pelo menos, 1.014 pessoas enquanto outras 942 foram vítimas em casos de morte violência intencional.

Da Redação Repórter PB

24/02/2020 às 20:22

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O trânsito da Paraíba matou mais pessoas em 2019 do que a violência intencional registrada no estado. Pela primeira vez nos últimos quatro anos (estatística mais antiga disponível), o número de pessoas mortas em acidentes de trânsito superou a de vítimas de assassinatos no estado.

Um cruzamento de dados feito pelo G1 com base em informações fornecidas pela Seguradora Líder, operadora do seguro DPVat, e estatísticas levantadas pela Secretaria da Segurança e Defesa Social (Seds) da Paraíba, apontou que no ano passado pelo menos 1.014 pessoas morreram em acidentes de trânsito, enquanto 942 pessoas foram mortas em casos de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI).

O número de mortos no trânsito paraibano é baseado no total de indenizações pagas pelo seguro DPVat por morte em 2019, dado que consta no relatório anual feito pela seguradora. Além dos casos de morte, são pagas indenizações por invalidez permanente e para auxílio médico.

Foram pagas no ano passado 8.883 indenizações na Paraíba, o segundo maior aumento da região Nordeste, cerca de 23% a mais em relação ao ano de 2018 quando foram pagas 7.232 indenizações pela Seguradora Líder.

Em relação ao pagamento de indenizações por morte, a Paraíba teve o terceiro maior aumento do Nordeste, de 9% em relação ao ano anterior, ficando atrás apenas de Ceará (14,10%) e Maranhão (13,36%).

Se levado em consideração que nem todos os pedidos de indenização solicitados pelo DPVat são contemplados, seja por tentativa de fraude ou por documentos insuficientes, o número de mortes informado no relatório pode ser subdimensionado.

A Seguradora Líder não relata os pedidos feitos por estado, apenas os contemplados, mas para ajudar a estimar, em todo o Brasil em 2019 foram feitos 47.233 pedidos de indenização por morte e foram atendidos 40.721 pela seguradora, uma diferença de 6.512 notificações de morte no trânsito.

Dados relacionados

Não há um estudo que confirme as causas para o aumento significativo das mortes no trânsito na Paraíba, embora seja possível relacionar outros dados que interferem diretamente para um aumento. O primeiro dado importante foi a queda considerável de 22% nos casos de assassinato entre 2018 e 2019 na Paraíba. Outro fator relevante é o aumento natural do número de veículos nas ruas e estradas do estado, o que por si aumenta o risco de acidentes.

A frota total da Paraíba em 2019 foi de 1.235.269 veículos, aumento de 1,41% em relação ao ano anterior, conforme registro do Departamento de Trânsito da Paraíba (Detran-PB). Somente em dezembro de 2019, quase metade dos veículos que circulam no estado eram motocicletas, um total de 615.245 motos.

Ainda conforme o Detran-PB, entre 2000 e 2018, o crescimento da frota de motos em João Pessoa foi de 1.038%, passando de 10.438 no início do século para 118.779 em 2018, fechando 2019 com mais de 124 mil motos.

Associando o aumento natural dos veículos e a letalidade dos acidentes envolvendo motocicletas, somente em 2019, cerca de 87% das indenizações pagas pelo seguro DPvat na Paraíba foram para acidentes envolvendo este tipo de veículo. Foram 7.775 indenizações pagas a condutores de motocicletas, do total das 8.883 indenizações no estado.

Gasto com saúde

O secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, considera as mortes no trânsito como o maior problema de saúde do país. “Agressões e acidentes consomem 10% do Produto Interno Bruto do Brasil. É um volume muito elevado quando a gente considera que 90% desses eventos, principalmente no trânsito, poderiam ser evitados”, comentou o secretário.

De acordo com um levantamento feito pela própria Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES), os acidentes e homicídios, considerados como mortes violentas, são a terceira maior causa de morte na Paraíba, atrás dos acidentes cardiovasculares e dos problemas respiratórios.

“A média de gasto público de uma vítima de acidente de moto politraumatizada grave é de R$ 300 mil por paciente”.
Em 2019, somente no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa foram atendidas 10.458 pessoas vítimas de acidente de trânsito, sendo 7.964 somente de pessoas feridas em acidentes com motocicleta.

Campanha educativa

Em João Pessoa, cidade paraibana com a maior frota de veículos, a Prefeitura de João Pessoa investiu entre os anos 2016 e 2019 mais de R$ 268,6 mil em campanhas de educação para o trânsito. De acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP), no ano passado foram realizadas 192 ações em locais de grande circulação de pessoas, vias com grande demanda de tráfego de veículos, escolas públicas e privadas, igrejas, hospitais, faculdades e tantos outros.

Algumas ações foram realizadas em conjunto com outros órgãos de trânsito como Detran-PB, PRF, BPTran, DER e outros. Também há as campanhas fixas como Paz no Trânsito, Dia do Motociclista, Maio Amarelo, Dia Municipal de Paz no Trânsito e Dia do Pedestre.

“Nessas ações educativas são abordados todos os temas referentes à segurança do trânsito, respeito à sinalização, travessia na faixa de pedestre e, também, abordagem de motociclistas nos comandos educativos, destacando a importância da pilotagem responsável para a segurança do próprio motociclista e garupa, bem como de todos que estão dividindo o espaço da via com os motociclistas”, informou a Semob.

Especificamente sobre o problema envolvendo as motocicletas, a Semob explicou que os motociclistas estão sempre inclusos em todas as campanhas e ações educativas realizadas pela Divisão de Educação da Semob. “Sabemos da imprudência por muitos praticada e dos graves riscos para piloto e garupa deste tipo de veículo, quando ocorrem acidentes”, informou nota da Semob.

A Semob está fazendo um estudo minucioso das causas dos acidentes envolvendo motociclistas para planejar uma campanha específica. Nesse estudo é levado em consideração as diversas modalidades de utilização da motocicleta, não apenas o transporte da pessoa em si, mas também dos entregadores de comida, remédios, gás, água mineral, peças de carro e outras formas.

Com G1 PB

Fonte: Repórter PB

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