30/05/2025 às 09:56
O funkeiro Marlon Brendon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, declarou pertencimento ao Comando Vermelho (CV) ao dar entrada no sistema prisional do Rio de Janeiro, segundo documento oficial da Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3A), segundo informações do site Metrópoles. A informação foi prestada pelo próprio detento durante o procedimento padrão de triagem penal, conforme previsto pelo protocolo da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
A ficha de custódia preencheu o campo “ideologia declarada” com um “X” na opção “CV”, sigla da facção criminosa com maior domínio sobre favelas do estado. A alternativa “neutro”, que permitiria o alocamento em unidades não controladas por grupos criminosos, foi deixada em branco.
Com base na declaração, Poze foi transferido para o presídio de Bangu 3A, unidade conhecida nos bastidores do sistema penitenciário como área de influência do Comando Vermelho. A Seap informa que o procedimento é recorrente: questionar recém-detidos sobre vínculos com organizações criminosas serve para evitar confrontos entre facções dentro das unidades. A prática, embora considerada operacionalmente eficaz, levanta dúvidas sobre a naturalização da presença de estruturas paralelas de poder dentro do sistema prisional.
Além da vinculação autodeclarada, o prontuário prisional revela que o artista informou ter ensino médio incompleto, indicou “cantor” como profissão e afirmou não possuir bens a serem acautelados no momento da entrada. A ficha registra ainda a presença de tatuagens visíveis e o horário exato da detenção: 29 de maio, às 13h29. A prisão foi decretada com caráter temporário, pelo prazo inicial de 90 dias.
Poze foi preso pela Polícia Civil do Rio acusado de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. As investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que ele se apresenta majoritariamente em bailes funk organizados em comunidades controladas pelo CV, com presença ostensiva de criminosos armados. A corporação sustenta que o artista tem papel relevante em eventos usados para lavar dinheiro do tráfico, além de fazer “apologia ao uso de armas de fogo e incitação a confrontos armados entre facções rivais”.
Além do inquérito por apologia e associação ao tráfico, Poze também é investigado por tortura e cárcere privado. Um homem afirmou ter sido agredido e mantido em cativeiro após ser acusado de furtar um bracelete na casa do funkeiro, no Recreio dos Bandeirantes. A Justiça negou, até o momento, o pedido de prisão preventiva relacionado a esse caso, que segue sob investigação da 42ª DP.
Paralelamente, outro inquérito foi aberto após a realização de um show na Cidade de Deus, em 17 de maio, no qual homens armados com fuzis aparecem em vídeos exibindo armas durante a apresentação do cantor. As imagens circularam nas redes sociais e motivaram a abertura de investigação para identificar os responsáveis pelo armamento de uso restrito. A Polícia Civil tenta apurar se houve facilitação ou conivência do artista com o grupo armado.
Fonte: Hora Brasilia
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