
27/12/2025 às 07:30
Afinal, o que é desenvolvimento? Para o dicionário, pode ser apenas "crescimento". Para a inteligência artificial, é um "processo de transformação". Já para o podcast Crianças Sabidas, o conceito só faz sentido se for sustentável: aquele que preserva o planeta para as próximas gerações.

No sexto e penúltimo episódio da série especial sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o foco está nos ODS 8 (Trabalho decente), 9 (Indústria e inovação), 12 (Consumo responsável) e 17 (Parcerias e meios de implementação).
Trabalho
O Brasil vem apresentando indicadores econômicos positivos em 2025, como a queda no desemprego para 5,8%, que é o menor patamar da série histórica desde 2012, e o crescimento do PIB que avançou 2,9% no primeiro trimestre de 2025, em relação a 2024.
Mas um dado ainda preocupa: o trabalho infantil. Segundo Victor Graça, da Fundação Abrinq, o país enfrenta dificuldade para baixar o número de crianças em situação de exploração, que hoje gira em torno de 1,6 milhão: "Antigamente o trabalho era em grandes fábricas. Hoje ele está espalhado em pequenos negócios e no trabalho doméstico, o que torna a fiscalização mais difícil", explica.
O episódio destaca que o investimento em escolas de tempo integral e programas como o Bolsa Família são fundamentais para garantir que as crianças estudem e brinquem.
Tecnologia e "Ansiedade Climática"
A visão das crianças sobre o futuro da indústria e tecnologia traz um alerta: a ansiedade climática. O pequeno Vicente, de 9 anos, está preocupado com o aumento da população e da poluição. "O mundo com certeza vai estar pior do que já está", destaca.
Mas o episódio apresenta ações mais otimistas, como os planos nacionais de Transformação Ecológica e Neoindustrialização, que buscam alinhar o crescimento das fábricas com a preservação ambiental.
Consumo consciente: o exemplo vem de casa
No campo do consumo responsável (ODS 12), a lição veio da pequena Helena de Paula, de 6 anos, que sugeriu identificar copos em festas para evitar o desperdício de plástico. A dica é urgente, já que o relatório aponta que apenas 2% do material reciclável jogado no lixo brasileiro realmente volta para a reciclagem.
Retomada de investimentos
Por fim o episódio aborda o ODS 17, focado no financiamento das metas. Especialistas explicam que a revogação de leis que congelavam gastos públicos permitiu ao Brasil retomar investimentos essenciais em saúde e educação, peças-chave para que a Agenda 2030 saia do papel.
👉 Ouça o sexto episódio: O podcast Crianças Sabidas é uma produção original da Radioagência Nacional.
🎙️Os episódios também estão nas principais plataformas de áudio.
💬 Você pode conferir, no menu abaixo, a transcrição do episódio, a tradução em Libras e ouvir o podcast no Spotify, além de checar toda a equipe que fez esse conteúdo chegar até você.
VINHETA CRIANÇAS SABIDAS🎶
SUBVINHETA: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
SOBE SOM🎶
SUBSUBVINHETA: Episódio 6 - Desenvolvimento
SOBE SOM🎶
MADU: De-sen-vol-vi-men-to... Mas o que exatamente significa isso?
AKEMI: É uma palavra muito abrangente mesmo, né? Pode significar muitas coisas. Vamos consultar um amigo antigo?
MADU: Quando eu não sei alguma coisa assim eu pergunto pra minha avó!
AKEMI: As avós são ótimas mesmo pra explicar muitas coisas. Mas eu estou falando de um grande amigo, mais antigo ainda que as avós: o dicionário.
MADU: Ah é, minha avó tem um. Não podemos perguntar pro Chat GPT?
AKEMI: Que tal a gente testar os dois? Primeiro o dicionário Aurélio, que é um super tradicional aqui do Brasil. Huhumm. Desenvolvimento é 1: Ato ou efeito de desenvolver-se
MADU: Dããããã , claro né? Dicionário às vezes não ajuda...
AKEMI: Calma, vamos pra próxima definição. 2: Adiantamento, crescimento, aumento, progresso.
MADU: É, explica um pouco melhor... Mas vamos ver o jeito mais atual de pesquisar as coisas. Chat GPT, defina desenvolvimento em até três linhas.
VOZ DE IA: Desenvolvimento é o processo de transformação e aprimoramento das capacidades humanas, sociais, econômicas e tecnológicas. Visa melhorar a qualidade de vida, promover bem-estar e ampliar oportunidades. Envolve crescimento sustentável, inclusão social e inovação contínua.
MADU: Tá, ficou com quatro linhas, mas deu pra entender bem.
AKEMI: Ok, concordo que essa explicação da inteligência artificial ficou boa. Mas nem sempre é assim, muitas vezes esses sites falam coisas beeeem erradas. Sempre precisa conferir a informação em outros lugares.
MADU: Ah, a gente ficou nessa discussão sobre onde fazer pesquisa e já tava esquecendo de se apresentar... Eu sou Maria Eduarda Arcoverde, a perguntadeira aqui do Crianças Sabidas.
AKEMI: E eu sou Akemi Nitahara, a jornalista do podcast. No caso do episódio de hoje a gente vai falar de desenvolvimento econômico mesmo, né? No Aurélio explica assim: crescimento econômico, especialmente quando acompanhado por modificações na estrutura produtiva do país ou região, como a industrialização.
MADU: Ainda prefiro a explicação da Inteligência Artificial.
AKEMI: Ai ai... tá bem, mas olha o que eu achei aqui no dicionário: também tem a definição de Desenvolvimento Sustentável. É o processo de desenvolvimento econômico em que se procura preservar o meio ambiente, levando-se em conta os interesses das futuras gerações.
MADU: Aí eu gostei! A gente devia ter explicado isso no primeiro episódio da série... Mas vamos para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do dia, vão ser quatro. O primeiro é o ODS 8:
NALU: Trabalho descente e crescimento econômico.
AKEMI: O Relatório Nacional Voluntário, feito pela Comissão Nacional dos ODS com a ajuda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, mostra melhora em alguns indicadores desde 2023. O PIB subiu, o salário mínimo aumentou, o desemprego caiu, o trabalho infantil diminuiu...
MADU: Vamos ouvir a Enid Rocha, pesquisadora do Ipea que trabalhou nesse relatório?
ENID: Muita coisa de lá para cá também, no Brasil, mudou. Nós também, avançamos em algumas metas do ODS 8, né, a questão da evolução do emprego decente, do trabalho decente, né? Por exemplo, do ponto de vista econômico, o Brasil voltou a crescer, né? O PIB avançou 2,9% no primeiro trimestre de 2025, em relação a 2024. Ao mesmo tempo, a gente tem a taxa de desemprego que caiu para um patamar de 5,8%, que é o menor patamar da série histórica desde 2012, né? Então isso significa não apenas mais pessoas ocupadas, mas também menos desalento dos jovens. Então você vê o ODS 8, a gente tem uma meta específica, né? Para o desalento, que são os jovens que estão sem trabalhar e sem estudar. Então, eu penso assim que nesse próximo relatório, a gente vai mostrar muito mais avanços.
MADU: E o trabalho infantil? O que o Brasil tem feito pra acabar com isso?
SOBE SOM🎶 PALAVRA CANTADA: Criança não trabalha, criança dá trabalho
ENID: O trabalho infantil é um grande avanço, né, que o Brasil, também é um retrato para o mundo e são avanços também que respondem a programas que existem, né? Por exemplo, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e o próprio programa Bolsa Família, né? Que tem também uma face que faz aquela busca ativa das crianças que estão envolvidas em trabalho infantil. Então, tem a fiscalização do Ministério do Trabalho, e o Brasil já teve muito atraso em relação ao trabalho infantil, né? E isso então é uma excelente notícia.
AKEMI: Esse é um tema que preocupa muito mesmo. O Victor França, que é da Fundação Abrinq e da Comissão Nacional dos ODS, explica que há 30 anos eles dão um selo de Empresa Amiga da Criança, pra ajudar a identificar aquelas que fazem tudo certo na questão social.
VICTOR: O empresa Amiga da Criança, que foi muito novo naquele momento, em 95, chamar a responsabilidade das empresas para questão social. Então, convidamos as empresas que não tinham trabalho infantil, que fazem ou faziam algum investimento em projetos de criança e adolescente para preencher o formulário conosco, para a gente saber o que que elas estão fazendo, não tendo trabalho infantil e fazendo investimento em algum projeto para criança e adolescente, elas são reconhecidas como empresas amigas da criança, elas podem usar um selo de empresa amiga da criança. Isso ajuda também o reconhecimento da empresa, né, como socialmente responsável, né? Então, é um programa que tem um bom número de empresas, tem mais de 500 empresas e que mostram o comprometimento dessa empresa, em também devolver um pouco para a sociedade da aquilo que elas estão recebendo.
MADU: E como o Brasil está no cumprimento da meta do trabalho infantil?
VICTOR: Trabalho infantil, por exemplo, é um que nós não vamos conseguir erradicar de vez. Teve uma evolução, né? Em 90, 9 milhões, 2015 foi caindo para 1.500.000, 1.600.000. Esse número tá muito difícil de baixar. Inclusive, a gente soltou um relatório esses dias que aumentou um pouquinho, identificaram 50 mil a mais. Se não tiver um trabalho muito sério, não vai atingir.
MADU: Caramba, que triste... e como a gente pode fazer pra tirar as crianças e adolescentes do trabalho e levar todo mundo pra escola?
VICTOR: Então, o trabalho infantil, eh antigamente tinham muitos grandes fábricas que utilizavam trabalho infantil. Isso foi reduzindo e hoje em dia é um pouco mais difícil de achar, né? Então, a gente tem 1 milhão, mais ou menos de adolescentes entre 14 e 17 anos, a maior parte do que tem trabalho infantil, é espalhado em pequenos negócios, pequenos serviços. Então é difícil, por exemplo, antigamente se falava: "Ah, a fabricação de sapato em tal cidade tem milhões de crianças trabalhando". Você ia lá, fazia uma ação, Ministério Público para acabar com aquilo, muito bem. Hoje você tem dois aqui, três ali. Então, é, o trabalho vai ter que ser um pouco, por exemplo, investir no aprendizado, no programa de aprendizagem. Aí você consegue tirar uma boa parte. Mas aí tem que ser um trabalho mais específico.
AKEMI: Lembrando que aqui entra, de novo, as desigualdades... De acordo com o Victor, dependendo de onde a criança mora, ela tem mais chance de acabar tendo que trabalhar. Mesmo que vá pra escola.
VICTOR: Na parte das crianças entre 5 e 12, já é um pouco mais rural, mais difícil ainda, porque essa criança, às vezes, tá indo para a escola e no contraturno, à tarde, ela tá indo para o campo. Então, você identifica que ela tá estudando, que às vezes não acontecia antigamente, né? Mas, por falta, por exemplo, de uma atividade no contraturno ali no pós horário da escola, ela volta para seu sítio, para sua fazenda, parte de agricultura e vai trabalhar. Então, isso precisa de um trabalho muito específico de identificar isso. No trabalho doméstico também entra, né? Que também tá dentro das casas, muito difícil. A cultura vai um pouco mudando, né? Antigamente era muito culturalmente aceito isso, assim como era muito falado: "Ah, é melhor estar trabalhando do que matando e roubando". Isso já culturalmente já melhorou muito, a gente já não ouve tanto, né? Muito de ampliar as crianças nas escolas, universalização, né, do acesso, mais de 90% das crianças tão na escola, o problema aí é qualidade, puxar o que tá faltando, tal, menos crianças no trabalho, mas tem uma questão cultural, é isso. A criança era muito aceita o trabalho doméstico, né?
SOBE SOM🎶
MADU: Vamos para o próximo, ODS 9:
HELENA: Indústria, inovação e infraestrutura
AUGUSTO: Oi, meu nome é augusto, daqui a cinco anos eu vou ter 14. O mundo seria mais tecnológico, e eu queria que acabasse a poluição.
PASSAGEM 🎶
VICENTE: Oi, eu sou Vicente Almeida. Tenho 9 anos, moro em Salvador, na Bahia. A minha teoria da pergunta de como eu acho que o mundo vai estar daqui a 5 anos é a seguinte pergunta. Não tem outra alternativa, ele já vai estar pior, isso é uma certeza. Agora, tem outras coisas que podem gerar, tipo, como provavelmente vai ter mais população do que agora, as indústrias vão ter que fabricar mais. Também tem a questão de gasolina e tal. Também tem outra questão, que é a questão da economia, porque tem alguns países que, tipo, eles vivem da agricultura. Então, você não pode eliminar geral e também não pode nem deixar. Então, o mundo, com certeza, vai estar pior do que ele já tá. Só que o grau pode ser de que ele seja ou muito ruim, muito pior do que agora ou que ele esteja só um pouquinho de nada pior, mas, tipo, não tem outra alternativa. Mas também tem a questão, tipo, ah, tem a tecnologia e tal, que provavelmente já vai ter carro voador, coisas do tipo. Só que daqui a 5 anos, 2030, acho que eles ainda não vão ter desenvolvido essa tecnologia toda. Então, por mim, ou ele vai tá igual agora ou ele vai tá pior. Não tem como ele melhorar. Então, é isso. Tchau.
MADU: Nossa, será que o Vicente está com ansiedade climática? Viu muita notícia sobre o aquecimento global e ficou desanimado com tudo?
AKEMI: É, Madu, nada animadora essa expectativa... E o pior é que eu acho que ele tem razão.
MADU: O que o relatório dos ODS fala sobre isso?
AKEMI: O desempenho está negativo na maioria dos indicadores. Os investimentos públicos federais diminuíram de 2016 até 2022. Mas a pandemia de Covid-19 atrapalhou muita coisa, né? Agora, existem dois planos pra acelerar essa parte da indústria e da inovação: o “Plano de Transformação Ecológica” e o “Plano de Neoindustrialização”.
MADU: Ok, vamos ver no que vai dar. O terceiro ODS de hoje é o 12:
NALU: Consumo e produção responsável
HELENA: Meu nome é Helena e eu tenho 6 anos. A gente não deve comprar o que a gente não precisa, só o que a gente precisar que a gente deve comprar. Tinha uma festa que a gente botava nome no copo para não ter que jogar fora e pegar outro.
MADU: Que ideia legal, Helena! Adorei, vou falar com a minha mãe pra gente fazer isso no meu próximo aniversário.
AKEMI: Muito legal mesmo! É uma forma de diminuir o consumo de plástico, o que ajuda muito o meio ambiente, né?
MADU: Mas o Brasil está conseguindo alcançar essa meta?
AKEMI: De acordo com o relatório, não muito, viu... O país ainda precisa reduzir o uso de matérias-primas e energia, parar com o desperdício, aumentar a reutilização direta dos produtos e a reciclagem de materiais. Só 2% do material reciclável que jogamos no lixo volta pra reciclagem.
MADU: Nossa, tem que melhorar muito mesmo. Bom, o último ODS de hoje é o 17:
HELENA: Parcerias e meios de implementação
CALIANDRA: Meu nome é Caliandra. Eu tenho 3 anos. O mundo vai tá, ah muitas crianças. Vai tá muitos arcos coloridos. Agora o mundo, eu acho que vai tá tudo bem. Os cristais vão não tá quebrado, o rio vai ficar limpinho, a praia. Não vão mais morder os crocodilos. Obrigada. Tchau.
AKEMI: É isso aí, Caliandra! Com mais crianças sabidas, a gente consegue fazer um mundo melhor, preservando a natureza e construindo juntos o que a gente precisa.
MADU: Gostei da parte dos arcos coloridos, eu também adoro. Mas não precisa ter muitos, né? Lembrando do consumo responsável!
AKEMI: O relatório aponta que teve uma lei em 2016 que atrapalhou essa implementação da Agenda 2030, porque congelou os gastos que o governo poderia fazer em todas as áreas, incluindo educação e saúde. Mas em 2023 essa lei foi revogada, ou seja, não vale mais. Daí as coisas melhoraram um pouco e o país conseguiu manter alguns investimentos sociais.
MADU: Caramba, esse episódio foi bem difícil, hein? Muitos temas complicados...
AKEMI: Mas a gente deu conta de explicar, né? Agora só falta um pra terminar a nossa série sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
SOBE SOM🎶
CRÉDITOS
MADU: Você ouviu o penúltimo episódio do nosso podcast sobre os ODS. O Crianças Sabidas é uma produção original da Radioagência Nacional, um serviço público de mídia da EBC, a Empresa Brasil de Comunicação. Eu sou a Maria Eduarda Arcoverde, a perguntadeira.
AKEMI: A reportagem, entrevistas, roteiro, apresentação e montagem foram minhas, Akemi Nitahara.
Edição e coordenação de processos de Beatriz Arcoverde, que também fez a implementação web junto com Lincoln Araújo.
Caio Freire Cardoso Oliveira, de 11 anos, grava o título dos nossos episódios.
Helena Dor e Nalu Sol, as duas de sete anos, gravaram os ODS.
Trabalhos técnicos de Jaime Batista e Tony Godoy.
Interpretação em Libras da equipe de tradução da EBC.
A música tema original do Crianças Sabidas é de Ricardo Vilas.
Também usamos composições de Newton Cardoso para o banco de trilhas da EBC e a música Criança não trabalha, da Palavra Cantada.
MADU: O último episódio da série sobre os ODS é sobre paz, justiça e instituições eficazes. Tchauzinho!
SOBE SOM🎶
Apresentação, entrevistas, reportagem, roteiro e montagem | Akemi Nitahara |
| Edição e coordenação de processos | Beatriz Arcoverde |
| Voz do título do episódio | Caio Freire Cardoso Oliveira |
| Perguntadeira | Maria Eduarda Arcoverde |
| Participação especial | Helena Dor e Nalu Sol |
| Trabalhos técnicos | Jaime Batista (BSB) Tony Godoy (RJ) |
| Apresentação das metas do ODS 3 | Rafael Cardoso |
| Arte | Caroline Ramos |
| Interpretação em Libras: | Equipe EBC |
| Música tema original | Ricardo Vilas |
| Composições do banco de trilhas da EBC | Newton Cardoso |
| Implementação na web:: | Beatriz Arcoverde e Lincoln Araújo |
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