04/07/2025 às 15:58
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira (4), a criação de um “novo modelo de financiamento para o desenvolvimento sustentável e criticou as medidas de austeridade exigidas pelo mercado financeiro. A declaração foi feita no Rio de Janeiro, durante discurso na décima reunião anual do conselho do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics.
“Eu acho que vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento, sem condicionalidades. O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo. A chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levaram os países a ficar mais pobres. Porque, toda vez que se fala austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico”.
Lula ressaltou que não é possível, no século XXI, tratar a questão de financiamento do mesmo jeito que no século XX. Ele também disse que uma das marcas do banco é o fortalecimento do uso de moedas locais entre os países-membros. E destacou a importância do Banco no desenvolvimento de uma nova política de financiamento.
“A discussão de vocês sobre a necessidade de uma nova moeda de comércio é extremamente importante. Tem problemas políticos, sim, mas se a gente não encontrar uma nova fórmula, a gente vai terminar o século XXI igual a gente começou o século XX. Portanto, companheira Dilma Rousseff, pesa sobre seus ombros a tarefa, como presidenta do NDB, tentar contribuir com os outros bancos, criar uma nova fórmula, pra gente apresentar para o mundo que um novo mundo é possível, uma outra política de financiamento é possível”.
Lula criticou a carga de juros paga por países africanos e o cenário global instável, marcado pelo ressurgimento do protecionismo, pela crise climática e pela evolução de novas guerras.
A reunião contou com a participação da presidenta do NDB, Dilma Rousseff, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ressaltou a importância do evento.
“Essa é uma ocasião não apenas comemorativa, mas também de reflexão sobre a trajetória construída até aqui e os caminhos que se abrem para o futuro”.
Haddad apresentou um balanço dos primeiros 10 anos do Banco. Ao longo da última década, a instituição aprovou 120 projetos, totalizando U$ 39 bilhões em financiamentos. Com esses recursos, acrescentou o ministro, foram construídos ou modernizados mais de 40 mil quilômetros de rodovias, aumentou-se a oferta de água potável em cerca de 250 mil metros cúbicos por dia, foram implantados 293 quilômetros de sistemas de trilhos urbanos e ergueram-se 35 mil moradias.
“A última década demonstrou que esse modelo de desenvolvimento não apenas é financeiramente viável, como também se traduz em impactos concretos e sustentáveis. Vale sempre lembrar que esses dados representam mais do que execução orçamentária e boa governança. Traduzem escolas mais acessíveis, comunidades mais conectadas, famílias com acesso à água limpa, cidadãos vivendo com mais dignidade”.
Também participaram do encontro membros do conselho do banco, líderes empresariais e representantes da sociedade civil.
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