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Paraíba

Tradicional engenho de Joca Estrela fundado em 1958 está em pleno funcionamento em Bernardino Batista

É importante que rapadura produzida na cidade seja incluída no cardápio escolar da rede municipal uma vez por semana

Da Redação Repórter PB

18/10/2019 às 13:01

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O produtor rural Antônio Estrela Dantas (Antônio de Joca) e o comerciante José Estrela Dantas (Zé de Joca), reativaram em 2017 o engenho de cana-de-açúcar de propriedade do seu pai João José Estrela (Joca Estrela) “in memoriam”, localizado na Comunidade de Cosmo de Brito no município de Bernardino Batista, no Alto Sertão paraibano, a cerca de 553 quilômetros de João Pessoa.

O engenho produz rapadura (considerada a mais brasileira das iguarias (embora sua origem seja disputada entre Açores e Canárias), caldo de cana, mel e alfenim (doce de açúcar branco e consistente, comumente feito em formato de flores, animais domésticos, peixes e outros elementos vegetais, rosquilhas pequenas e cestinhos.

O engenho do Cosmo de Brito foi fundado em 1958 pelo saudoso senhor de engenho e agropecuarista José Estrela de Abrantes (Coronel Zé Tomaz). De 1958 até 2012 o engenho foi administrado pelo pecuarista João José Estrela (Joca Estrela), irmão do ex-vice-prefeito de Bernardino Batista, Antônio Estrela de Abrantes e tio do vereador Sebastião Estrela Batista.

O “Engenho de Joca Estrela”, como é conhecido é administrado atualmente pelo produtor rural Antônio Estrela Dantas (Antônio de Joca) que é neto do fundador do engenho, o saudoso senhor de engenho José Estrela de Abrantes (Coronel Zé Tomaz). O engenho fica a um km de distância da sede da cidade. A próxima moagem será em novembro, mês da Festa do Caju e da Rota do Sol - um circuito itinerante que tem o objetivo de fomentar a cultura turística em seis municípios do Alto Sertão da Paraíba. Dia 22 de novembro, às 9h30, o engenho receberá a visita de membros da Rota do Sol.

O processo de produção do Engenho de Joca Estrela é completamente diferente daquele adotado na época do Brasil Colonial, quando os senhores de engenho utilizavam a mão de obra escrava de origem africana para fazer os trabalhos mais pesados do processamento da cana.

Os cambiteiros fazem o trabalho pesado, desde o corte da cana ao carregamento em burros ou jumentos ornamentados com cangalhas e cambitos – peças fundamentais para o carregamento da cana que será moída no engenho.

Moendas e fornalhas pouco se modernizaram. Como a rapadura nunca chegou a ser uma mercadoria competitiva como o açúcar, o doce acabou se adaptando à produção regional.

Embora os engenhos já não sejam mais movidos à tração animal o processo ainda é rudimentar. Primeiro a cana é moída e depois levada ao fogo. Os tachos borbulham por horas. O caldo dourado é remexido sem parar pelo mestre há anos no ofício. Ao atingir o ponto ideal o “mel” é transferido para outro panelão, onde cozinha mais um pouco até começar a se soltar do caldeirão.

A finalização tem que ser rápida para que a “massa” não endureça. Formas de madeira recebem o doce que, em pouco mais de 15 minutos, está pronto para o consumo. No livro Sociologia da Rapadura, o historiador Câmara Cascudo comenta que a rapadura era o doce das crianças pobres, presente para escravos e que até hoje nunca falta na casa de um sertanejo. Serve, entre outras coisas, para adoçar o leite, o café ou o mugunzá.

É importante que rapadura produzida na cidade seja incluída no cardápio escolar da rede municipal uma vez por semana. A rapadura ajuda na prevenção da anemia, na formação dos ossos e dentes, auxilia no trabalho muscular e nervoso, além de fortalecer o sistema imunológico da criança.

“Não existem fiscais, nem capatazes. Os trabalhadores do engenho de Joca Estrela são separados por funções, cada trabalhador tem um ofício e desempenha determinadas tarefas. Um ofício bastante importante é o mestre, os caldeireiros, o caxiador e os cambiteiros. O valor pago como diária para o trabalhador que participar do corte da cana é de R$ 60,00 e o para o mestre R$ 120,00”, disse o proprietário do engenho Antônio de Joca.

“O mercado da rapadura é invadido por produtos falsificados, como a rapadura produzida a partir do açúcar refinado. Sendo muito semelhante à rapadura processada do caldo cana-de-açúcar, a rapadura falsificada é difícil de ser identificada pelo consumidor, que, aliás, desconhece essa prática ilícita. O preço da carga da nossa rapadura custa R$ 350,00 e a unidade custa R$ 5,00. Quem quiser adquirir rapaduras ligar para o WhatsApp (83) 9652-6805”, informa Antônio de Joca.

“Dia de moagem, aliás, é de festa na localidade de Cosmo de Brito. No entorno do engenho, o cheiro forte da garapa cozida se espalha e é um convite para apreciar como é feito o trabalho. "Não vamos deixar a tradição de meu avô Zé Tomaz, do meu pai Joca Estrela morrer. Continuaremos até o dia que Deus quiser", assegura proprietário do engenho, Antônio de Joca.

Abdias Duque de Abrantes

Fonte: Repórter PB

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