12/12/2024 às 09:46
Banco Central do Brasil ‧ Foto: Agencia Senado
O recente aumento da taxa básica de juros, Selic, para 12,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) suscita intensos debates sobre os caminhos escolhidos para enfrentar os desafios econômicos no Brasil. Este movimento, anunciado como uma medida de combate à inflação, carrega consigo impactos significativos que transcendem os indicadores financeiros e atingem diretamente a vida do cidadão comum e o desempenho da economia como um todo.
O aumento dos juros tem efeitos colaterais que vão além da contenção da inflação. Ao elevar o custo do crédito, a medida restringe o acesso das famílias ao financiamento e dificulta o consumo, afetando diretamente setores como o imobiliário, automotivo e de serviços. Muitos cidadãos que sonham com a casa própria, por exemplo, enfrentam uma barreira quase intransponível para financiar imóveis, já que as prestações se tornam mais altas e exigem entradas maiores.
No setor empresarial, especialmente entre pequenos e médios empreendedores, o encarecimento dos financiamentos torna inviável a abertura ou expansão de negócios. Isso reduz a capacidade de geração de empregos, desacelerando a atividade econômica e agravando a desigualdade social.
Com juros elevados, o endividamento das famílias tende a aumentar, gerando um ciclo de inadimplência que prejudica tanto os consumidores quanto as instituições financeiras. Dados do Banco Central indicam uma estabilidade na inadimplência em torno de 3,2% atualmente, mas essa taxa pode ser pressionada para cima caso o custo do crédito continue subindo.
Além disso, o alto custo do dinheiro desestimula investimentos produtivos, o que compromete o crescimento econômico de longo prazo. A indústria, por exemplo, sofre com a retração da demanda, enquanto setores dependentes de crédito para capital de giro enfrentam dificuldades operacionais.
Por outro lado, o aumento da Selic beneficia os investidores em renda fixa, tornando os títulos públicos e privados mais atrativos. No entanto, o ganho financeiro para uma parcela restrita da população não compensa os prejuízos generalizados para o crescimento econômico e a qualidade de vida da maioria dos brasileiros.
Em vez de focar apenas na elevação dos juros, o Brasil necessita de uma política econômica equilibrada que incentive a produção, a geração de empregos e o consumo sustentável. A alta da Selic, isoladamente, é insuficiente para corrigir desequilíbrios estruturais, e pode, ao contrário, aprofundá-los ao reduzir a circulação de riqueza e restringir oportunidades para os mais vulneráveis.
O caminho para um crescimento econômico robusto passa por investimentos em infraestrutura, educação e saúde, além de políticas que favoreçam a redistribuição de renda e a inclusão social. É necessário repensar a estratégia monetária e priorizar a criação de um ambiente que estimule o desenvolvimento econômico sem sacrificar a população.
Por Pereira Júnior
Para ler no celular, basta apontar a câmera