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Ação

MPF quer punição para mercado ilegal de lotes da reforma agrária em assentamento na Paraíba

Negociação de lotes ocorre há anos sem que direção do Incra no estado tome providências

Da Redação Repórter PB

05/02/2019 às 17:09

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Divulgação ‧ Foto: Repórter PB

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O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) entrou com ação na Justiça Federal para determinar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a realização de perícia com o objetivo de identificar casos e responsáveis por subdivisão e negociação ilegal de lotes e de parcelas de lotes por assentados do assentamento Dona Helena, localizado no município de Cruz do Espírito Santo (PB), a 36 km da capital. A ação probatória autônoma foi ajuizada em decorrência da inércia do Incra em fornecer os dados solicitados reiteradas vezes pelo Ministério Público.

A situação é investigada desde 2011, quando o MPF recebeu representação da Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Dona Helena sobre a falta de ação do Incra em relação às denúncias de vendas dos lotes do assentamento. No decorrer da apuração dos fatos, surgiram notícias do agravamento do problema com novas subdivisões e negociações de parcelas de lotes.

O Incra informou ao MPF que os assentados infratores identificados foram notificados, porém, “nada de concreto em termos de punição efetiva, reparação dos danos ou de medida dissuasória foi adotado”, relata o Ministério Público na ação probatória. Em decorrência da falta de ação do Incra e em razão da recusa em fornecer dados e informações ao MPF, foi instaurado, ainda, procedimento específico para apurar prática de crime e de ato de improbidade administrava pelo dirigente do Instituto na Paraíba.

Para o MPF, a situação exige resolutividade, “uma vez que o problema relatado se arrasta por, aproximadamente, dez anos sem que tenha sido adotada qualquer medida eficaz para saná-lo ou, ao menos, desestimulador de sua reprodução por outros assentados”, afirma o procurador da República Edílio Magalhães, argumentando que o recurso ao Judiciário, nesse caso, “é a última tentativa de por fim ao crescente mercado ilegal de venda de frações de lotes no assentamento Dona Helena, prática irregular feita à luz do dia sob aparente olhar complacente do Incra na Paraíba”.

O MPF requer ainda a averiguação da existência de parentesco entre assentados autorizados e posseiros não contempladas pelo programa de reforma agrária; o preço atual de mercado de cada lote indevidamente ocupado; o valor precificado pelo Incra para aquisição plena do domínio pelo assentado autorizado; e a quantidade total de lotes no assentamento Dona Helena, especificando os que estão em situação regular e irregular de ocupação. Por fim, o MPF quer que o Incra detalhe em relação a cada lote indevidamente ocupado, quais providências foram efetivamente empregadas para solução do problema, desde a data de seu conhecimento até os dias atuais.

Segundo o procurador, está sendo estudado, como passo seguinte, a tomada de providências judiciais para que os assentados infratores, que negociaram lotes ou parcelas das terras, indenizem a União pelo valor atual de mercado do terreno, pelos investimentos e outras despesas realizadas com os lotes e pelos demais danos decorrentes do desvirtuamento da política de reforma agrária, “que tem por objetivo fomentar a regular atividade produtiva no campo, não a prática de mercância de moradia ilegal”, ressaltou Magalhães.

Fonte: Repórter PB

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