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Ação Criminosa

Creche e estação de energia são incendiadas por criminosos no 21º dia de ataques do Ceará

Ocorreram 228 ações criminosas em 48 cidades cearenses desde o dia 2 de janeiro. Secretaria da Segurança confirmou que 404 pessoas foram detidas por participação nos crimes.

Da Redação Repórter PB

22/01/2019 às 08:34

Imagem Ataques no Ceará

Ataques no Ceará ‧ Foto: Repórter PB

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Criminosos detonaram uma bomba em uma subestação da Enel, distribuidora de energia do Ceará, na madrugada desta terça-feira (22), e incendiaram uma creche na noite desta segunda-feira (21), no município de Caucaia, na Região Metropolitana da capital. Não há registro de pessoas feridas nestes ataques. A violência no estado chegou ao 21º dia seguido.

Desde o dia 2 de janeiro, quando começaram as ações criminosas, ocorreram 228 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 48 dos 184 municípios cearenses. As ações começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 404 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.

Para tentar conter os ataques, o governo estadual convocou 1.200 policiais militares da reserva para reforçar a segurança nas ruas. O Ministério da Justiça enviou agentes da Força Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal para o estado. Policiais militares e agentes penitenciários de outros estados brasileiros também foram deslocados ao Ceará após o início dos crimes.

A subestação de energia elétrica ocorreu por volta das 2h, no Bairro Vila Pery. Criminosos invadiram o local e detonaram um artefato explosivo. Equipes da Polícia Militar, Força Nacional, Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e Perícia Forense estiveram no local após o crime. A polícia não repassou informações sobre os estragos causados no local.

O barulho ocasionado pela explosão foi ouvido por moradores de diversos bairros da região. Apesar do ocorrido, o fornecimento de energia elétrica não foi afetado no bairro. Logo após o crime, os suspeitos fugiram.

Na noite de segunda-feira, no município de Caucaia, três homens invadiram uma creche localizada na Rua Alaíde Mateus, no Bairro Jurema e incendiaram uma das salas. No local atingido pelo fogo estavam guardados materiais escolares que seriam utilizados durante o ano letivo, como livros, cadernos e carteiras. Uma geladeira que estava na sala também foi danificada pelas chamas.

Testemunhas afirmam que escutaram o barulho de um carro e a polícia não descarta que um veículo tenha dado apoio à ação criminosa. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar pelo fogo. A unidade escolar atende crianças a partir de 1 ano e ficou fechada nesta manhã.

Entenda o que está acontecendo no Ceará

  • O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios. O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
  • Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior.
  • O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
  • A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
  • A onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair.
  • 35 membros de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais desde o início dos ataques, segundo o último balanço do Ministério da Justiça.
  • Ordens partiram de presídios

Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. As mensagens chegaram até as autoridades após a apreensão de 407 aparelhos de celulares nas unidades prisionais do estado, no dia 6 de janeiro.

Em uma mensagem, um detento ordena: "Uns toca fogo na prefeitura, uns toca fogo nas coisa lá dos policial, tá ligado?". O Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú, na Grande Fortaleza, foi um dos 49 prédios públicos atacados no Ceará. "Agora a bagunça vai começar é com força", diz outra mensagem de áudio. “Agora nós vamos parar os ônibus, vamos tocar fogo com vocês dentro”, ameaça um terceiro detento.

Em outro áudio, um detento diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário da Administração Penitenciária desista de medidas que tornaram mais rigorosa a fiscalização no sistema penitenciário. "Vocês vão tirar esse secretário aí dos presídios. Vocês vão ver, vai piorar é pra vocês", ameaça um criminoso.

O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, confirmou que a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária provocou a onda de ataques criminosos. Segundo André Costa, "a criminalidade já conhecia o trabalho" do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.

"Terrorismo"

Em entrevista à GloboNews, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou as ações criminosas registradas como "atos de terrorismo". Santana defendeu que o Congresso Nacional revisse a lei antiterrorismo para tipificar ataques como os que ocorrem no Ceará.

Camilo Santana também confirmou o fechamento de 67 cadeias municipais no interior do Ceará nos últimos dias. A medida foi uma decisão do novo secretário da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, segundo o governador.

"Eram cadeias precárias, concentrei na Região Metropolitana para ter mais controle sobre esses presos. Isso foi uma decisão do próprio secretário [da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque]. Tenho tido todo o apoio do poder Judiciário", afirmou.

Com G1

Fonte: Repórter PB

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